A revista científica The Lancet retratou (basicamente, cancelou a validade) o estudo com dados de 96 mil pessoas internadas com Covid-19 publicado recentemente que mostrava que quem havia tomado hidroxicloroquina ou cloroquina apresentava maior risco de arritmia e morte em comparação com pacientes que não usaram a droga.
O estudo é alvo de uma série de críticas sobre inconsistências nos dados hospitalares apresentados, obtidos através da Surgisphere, companhia desconhecida americana que conta com pessoas sem formação em dados ou ciência no seu quadro de funcionários.
A retratação ocorre após a tentativa de auditoria externa de dados, o que não foi possível porque a empresa Surgisphere não aceitou transferir a base de dados de completa usada, por isso violar acordos de confidencialidade com clientes.
Com isso, não foi possível conduzir uma revisão independente dos dados publicados.
"Não podemos esquecer nunca da responsabilidade que temos como pesquisadores de assegurar escrupulosamente que nos baseamos em fontes de dados que respeitam os mais elevados padrões de qualidade", afirmam três dos autores do estudo retratado --o quarto é Sapan S Desai, parte da Surgisphere. "Nós não podemos atestar a veracidade das fontes primárias dos dados em questão."
A conclusão do artigo publicado no Lancet de aumento do risco de morte associado ao uso de cloroquina levou a OMS (Organização Mundial da Saúde) a suspender temporariamente seus testes com a droga no estudo multicêntrico Solidarity.
Pouco tempo depois, segundo a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, o comitê independente que avaliou os dados obtidos até agora pelo Solidarity e por outros estudos não viu indícios de que a hidroxicloroquina esteja relacionada a maior mortalidade, o que permitiu a retomada dos experimentos.
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