Morreu nesta sexta-feira (10), no Rio de Janeiro, o ex-deputado federal Alfredo Sirkis, 69. Ele foi vítima de um acidente de trânsito no Arco Metropolitano, na altura de Nova Iguaçu.
Por volta das 14h20, seu carro saiu da pista, colidiu em um poste e capotou. Sirkis morreu no local. A Polícia Civil está fazendo uma perícia na área do acidente.
Sirkis foi vereador por quatro mandatos, deputado federal, secretário de Urbanismo do Rio e candidato a presidente.
Militante da causa ambiental e ex-presidente do Partido Verde, ele havia acabado de lançar um livro em que dizia ter cometido um "sincericídio" ao criticar esquerda e direita brasileiras.
Em "Os Carbonários", Prêmio Jabuti de 1980, Alfredo Sirkis dissecou sonhos e mancadas da geração de 1968, quando ele tinha 18 anos e participou da resistência armada à ditadura militar.
Quarenta anos depois de sua obra-prima, o mesmo militante, há um bom tempo apaixonado pela causa ambiental, lança "Descarbonário". Suas 442 páginas são outra aula de História do Brasil, desta vez sob o ponto de vista de um dos mais experimentados ativistas pelo clima do planeta.
Ele começou a escrever "Descarbonário" em 2016, quando a temperatura bateu recorde, e o concluiu no segundo ano mais quente, 2019. Participou de 11 COPs, a Conferência das Partes, órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
Presidiu por 9 anos o PV nacional e é autor da "Lei Sirkis", que viabilizou o Fórum Global 92 na Conferência Rio-92.
A saga do "Descarbonário" termina na última semana de 2018, quando Sirkis deixou nas mãos do então presidente Michel Temer, em fim de mandato, o documento "Mudanças climáticas: riscos e oportunidades para o Brasil".
Ele era secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, e o documento destinava-se ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, seu ex-colega da Câmara dos Vereadores do Rio e da Câmara dos Deputados.
"Cheguei a acreditar que, uma vez sentado na cadeira presidencial, baixariam sobre Jair os eflúvios da responsabilidade e que, não obstante sua visão fascista e paranoide e das suas idiossincrasias, ele deveria se comportar como presidente de todos os brasileiros. Isso certamente não aconteceu", afirmou à Folha de S.Paulo o autor.
"Passado um ano, sabemos que não acontecerá. O poder nitidamente piorou a pessoa", completou Sirkis, que se identificava como "centrista radical" após transitar da esquerda armada ao secretariado do prefeito Cesar Maia, do DEM.
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