O exame de corpo de delito realizado pelo IML (Instituto de Medicina Legal) do Distrito Federal no marido da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) não constatou lesões recentes nas mãos, dedos e punhos do neurocirurgião.
As informações foram divulgadas no domingo (1º) pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmadas pela Folha de S.Paulo.
O laudo, concluído na sexta-feira (30), apontou "ausência de hematomas ou outras lesões recentes" no neurocirurgião.
No dia 22 de julho, Joice relatou ter despertado na manhã do dia 18 no chão do corredor entre o quarto e o banheiro do seu apartamento, com ferimentos pelo corpo. De acordo com a deputada, a última coisa que ela se lembra antes disso era que estava assistindo a um seriado na TV, na companhia do marido, e que ele foi dormir antes dela.
Exames no hospital Sírio-Libanês, em Brasília, constataram traumas no joelho, na costela, no ombro e na nuca, além de cinco fraturas no rosto e uma na coluna. Joice suspeita ter sido vítima de um atentado, embora não tenha descartado inicialmente que as lesões pudessem ser fruto de uma queda.
No dia 25, a deputada concedeu uma entrevista para rebater insinuações de redes sociais de que os hematomas fossem resultado de um episódio de violência doméstica.
Em nota, a deputada disse ter recebido "com naturalidade o resultado negativo do exame do corpo de delito do meu marido, o médico Daniel França".
"O laudo comprova, com respaldo técnico, que ele é inocente diante de acusações precipitadas e propagadas de maneira irresponsável nas redes sociais", afirma o comunicado. "Ataques feitos de maneira gratuita e que, como mulher, me entristeceram, sobretudo neste momento tão delicado."
A deputada disse ainda esperar que o caso seja um ponto de partida para que os apartamentos funcionais da Câmara, especialmente das mulheres, tenham mais segurança. "A vulnerabilidade ficou comprovada diante da falta de câmeras nas escadas, corredores e entradas dos apartamentos", disse.
"Confio no trabalho da polícia e aguardo a continuidade das investigações", conclui.
À Folha de S.Paulo a deputada disse que pretende ingressar com processos contra quem sugeriu que suas lesões e hematomas fossem resultado de violência doméstica. "Entrarei com vários processos contra esses loucos caluniadores. A maioria dos escroques são bolsonaristas", afirmou.
Perícia realizada pela Polícia Legislativa em 16 câmeras do prédio onde a parlamentar mora concluiu que Joice não saiu do imóvel entre os dias 15 e 20, quando deixou o apartamento para fazer os exames hospitalares.
"Além disso, foram realizadas oitivas de funcionários que trabalham no local. Também não foi identificada a entrada de nenhuma pessoa estranha nesse período", indicou nota divulgada pela assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados em 27 de julho.
O inquérito sobre o caso foi enviado no sábado (24) para o Ministério Público Federal, a quem caberá oferecer ou não denúncia à Justiça Federal. O MPF, no entanto, pediu novas diligências, que estão sendo cumpridas, segundo a Câmara.
A Câmara informou haver segurança nos locais onde se localizam os apartamentos funcionais dos parlamentares e os prédios possuem vigilância armada e porteiros, 24 horas por dia, sete dias por semana. "Além disso, há câmeras de segurança e rondas ostensivas, com viatura caracterizada."
No dia 26, Joice prestou depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal. Ela disse ter encontrado objeto que pode ter relação com o episódio e levantou suspeitas sobre a interferência do governo Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
A deputada também registrou um boletim de ocorrência contra o senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) por injúria, calúnia e difamação e entrou com uma representação contra o congressista no Conselho de Ética do Senado. Em uma live, ele sugeriu que as lesões de Joice tivessem sido provocadas pelo consumo de drogas.
Joice foi líder do governo Bolsonaro no Congresso, rompeu com o presidente e atualmente integra o grupo de desafetos do Planalto. Ela inclusive defende o impeachment do mandatário.
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