Um estudo feito pela União Pró-Vacina da USP (Universidade de São Paulo) revela grupos antivacina brasileiros no Facebook aumentaram em 383% a quantidade de fake news publicadas sobre possíveis imunizantes contra o novo coronavírus.
Foram analisadas 155 publicações de maio a julho e as descobertas apontam que toda a movimentação nos grupos foram geradas por apenas 56 usuários, sendo que 47,7% apenas por seis deles. Não é possível, no entanto, saber se uma pessoa administra duas ou mais contas na rede social.
Em franco avanço nos EUA e na Europa, os grupos antivacina ainda têm pequena ressonância no Brasil. Pesquisa do Datafolha neste mês mostrou que, uma vez produzida uma vacina efetiva e segura contra o novo coronavírus, 89% das pessoas pretendem se vacinar.
Teme-se, contudo, que a polarização ideológica em temas de saúde possa dar impulso aos negacionistas da vacina no país.
De acordo com o estudo, as publicações foram compartilhadas 1.505 vezes. A maior parte do engajamento são reações à publicação (3.283), seguida de comentários (1.141)
A maior parte das publicações antivacina são imagens (39,3%), seguida de vídeos (31,6%), links (26,5%) e outros (2,6%). Além disso, pelo menos 35% das publicações analisadas pelos pesquisadores são importadas, ou seja, estavam em lingua estrangeira ou foram traduzidas. Os idiomas com maior capilaridade no Brasil são inglês, espanhol, italiano e russo.
Os temas vão de teorias conspiratórias à possibilidade de as vacinas causarem abortos.
Um segundo estudo, este global e realizado pela Avaaz, uma rede de mobilização social, estudou como o algoritmo do Facebook facilita a disseminação de informações falsas ou distorcidas por grupos antivacina no mundo e concluiu que, no último ano, essas publicações alcançaram 3,8 bilhões de visualizações em apenas cinco países (EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Itália).
Do total de conteúdos analisados, cerca de 30% era sobre eventuais vacinas contra Covid-19.
Ainda de acordo com a publicação, os dez maiores sites que promovem desinformação no mundo tiveram, também no último ano, quatro vezes mais visualizações no Facebook do que as dez principais páginas de instituições de saúde, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).
"A Avaaz identificou que a maioria das informações falsas sobre saúde analisadas não tinha nenhum alerta do Facebook, apesar de aqueles conteúdos terem sido verificados por instituições independentes de prestígio", diz o comunicado.
Embora os estudos abordem recortes diferentes de um tema amplo, ambas as conclusões das pesquisas apontam que as redes de desinformação se propagam mais do que a informação científica.
Preocupados com os resultados, os pesquisadores da Avaaz e da USP se uniram e demandam revisões do PL 2.630/2020, o projeto de lei de combate às fake kews. O texto do projeto, de acordo com o comunicado emitido em conjunto pesquisadores, pede mais formas de reparação além da compensação monetária, como direito de resposta, retratação e distribuição de informação.
Os pesquisadores ainda sugerem que as plataformas sejam obrigadas a operar a retratação ou correção das informações. Medida que um outro estudo, também realizado pela Avaaz, indica ser eficaz na redução da crença de pessoas em conteúdos desinformativos em 50%, podendo chegar à 61%.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta