A suspeita de que três idosos tenham recebido doses vazias de vacina, em cidades diferentes do estado do Rio, disseminaram um duplo medo: dos pacientes, mas também dos agentes de saúde, temerosos com uma caça às bruxas despropositada.
Um dos casos ocorreu em Petrópolis, com uma mulher de 94 anos. Um vídeo mostra a hora em que uma técnica de enfermagem aplica uma seringa aparentemente esvaziada.
Outro episódio aconteceu em Niterói, onde uma técnica de enfermagem que atendia num drive-thru espeta o braço de um idoso, mas não pressiona o êmbolo. O imunizante não sai da seringa.
O terceiro exemplo se passou na capital fluminense e se resolveu no mesmo dia, após familiares do idoso alertarem ao técnico que a dose não havia sido injetada. Em Petrópolis e Niterói, as profissionais de saúde foram afastadas, e os idosos, vacinados em casa depois.
Os três casos foram confirmados pelas respectivas prefeituras. Isolados, aumentaram o receio em postos de saúde e clínicas, tanto do lado dos que recebem a vacina quanto dos que as administram.
Cláudia, uma enfermeira que prefere não dizer o sobrenome, conta que já foi cobrada aos gritos pela filha de uma senhora que ela imunizou num posto na zona norte carioca. A familiar achou que o procedimento tinha sido rápido demais e ficou desconfiada.
Em Petrópolis, a prefeitura passou a encorajar seus munícipes a ajudar na fiscalização dos profissionais, gravando o momento da injeção. Suspeitas de fraude devem ser enviadas para um canal de WhatsApp criado para acolher denúncias. Um novo vídeo chegou por ali, mas, ao que tudo indica, a suposta falcatrua na aplicação aconteceu em outra cidade.
A gravação com a mulhere 93 anos que recebeu a falsa aplicação viralizou na internet até chegar a um servidor petropolitano. A técnica acusada de não injetar a dose de Coronavac foi ouvida nesta segunda (15). A Secretaria de Saúde afirmou que ela declarou que o erro não foi intencional e que houve um problema com a seringa, que ela não teria percebido.
Segundo a prefeitura, assim que ficaram a par do caso, "as equipes fizeram imediatamente contato com a família, e a idosa foi vacinada no sábado [13]". A Secretaria de Saúde petropolitana diz que se tratou de caso isolado e que "mantém o controle das vacinas".
Na capital do estado, profissionais estão sendo orientados a, antes de perfurarem braços, mostrar que estão enchendo as seringas. Vale também para depois: exibir a ampola com o conteúdo esvaziado. Segundo a Secretaria de Saúde, "fotos e imagens estão totalmente liberadas no momento da aplicação".
Teme-se que alguns profissionais da saúde fraudem a campanha de vacinação por dois motivos: uso próprio (para familiares, por exemplo) e revenda dos imunizantes no mercado clandestino.
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