A insuficiência no estoque dos bancos de sangue do interior de Santa Catarina despertou no estudante de marketing Brayon Pieske, 25, a ideia de buscar alternativas para tentar salvar vidas na região. A solução dele foi a criação de um aplicativo para celular.
"Eu tive a ideia quando ouvi em um programa de rádio que é muito chato você precisar de ajuda e ter que ficar desesperado atrás de divulgação para conseguir doadores", afirma ele, que mora em Rodeio, a 200 km de Florianópolis.
A inspiração, diz, veio do Tinder, aplicativo de paquera. O aplicativo PiuPiu Life pretende ajudar a encontrar doadores próximo ao local de quem precisa.
"Decidi fazer algo bem simples e rápido para achar os doadores de imediato. Se a pessoa está numa emergência no hospital, ela abre o aplicativo, seleciona o tipo sanguíneo e encontra o doador", diz. Para usar o aplicativo, é necessário se cadastrar com email e senha.
Segundo o Ministério da Saúde, apenas 1,6% dos brasileiros são doadores de sangue. Três em cada dez doações são de reposição, ou seja, a pessoa doa especificamente para atender um chamado de um familiar, amigo ou conhecido.
Na primeira semana em que o aplicativo foi disponibilizado na Google Play Store, no começo deste mês, mais de 400 pessoas realizaram o cadastro após baixarem o programa, segundo os cálculos de Pieske.
O próximo passo é ver uma forma de conectar quem precisa de doação com a localização de hospitais e pontos de coleta. O serviço também será disponibilizado, de forma gratuita, para os celulares que utilizam o sistema iOS.
Sem patrocínio, Pieske criou uma campanha de financiamento coletivo e conseguiu arrecadar mais de R$ 2.600 até agora.
"Eu quero que ele esteja disponível em diversos países porque a internet não tem fronteiras. Se tu está viajando para um lugar desconhecido, não tem conhecidos. Com o aplicativo, vai conseguir achar doadores que estão perto de ti."
Essa é a terceira criação do jovem, que não é programador. Ele aprendeu a desenvolver aplicativos e criação de programas digitais de forma autodidata.
Aos 17, Pieske criou na escola com colegas um sistema sonoro para servir de alarme em casos de enchente. O projeto foi premiado pelo governo catarinense, que cogitou aplicar investir no sistema e oferecer para outros estados.
Anos depois, criou um aplicativo de troca de mensagens chamado PiuPiu, mas não se encorajou em buscar patrocínio para a ideia por entender que já existia muita concorrência no setor.
O terceiro aplicativo, para doação de sangue, juntou elementos das experiências anteriores ao unir a preocupação com a comunidade e a comunicação entre pessoas, por isso recebeu o nome de PiuPiu Life.
Se a campanha de financiamento coletivo viabilizar a ampliação do aplicativo, Pieske pretende realizar parceria com o poder público para estimular a doação em áreas mais necessitadas.
"Vamos supor que uma região do país esteja precisando muito de doação. Eu enviaria uma notificação para quem está a um raio de 100 quilômetros daquela região e todas as pessoas que estão por perto recebem no celular um alerta informando a sua região precisa de sangue com o endereço do hemocentro próximo. Isso melhoraria muito as doações."
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