Os familiares das 62 vítimas do voo 2283 da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) no dia 9 de agosto, decidiram que vão criar uma associação ainda sem nome definido para acompanhar todo o processo de investigação do acidente e prestar assistência às famílias. A decisão de criar associação foi definida em reunião realizada na quarta-feira (28). Após o acidente, os familiares criaram um grupo e se reúnem virtualmente para debater sobre o andamento do processo.
O objetivo da associação é garantir todos os direitos aos familiares das vítimas. "A gente entende que tem que ter um caminho próprio e a associação traz uma autonomia para que a gente consiga acompanhar melhor toda a investigação", explicou Maria de Fátima Albuquerque, mãe da médica residente em oncologia do Hospital do Câncer de Cascavel, Arianne Albuquerque Risso, que morreu após a queda de um avião em Vinhedo.
As famílias também desejam representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses dos associados. "Vamos exigir a apuração em todas as esferas administrativas e judiciais, cível e criminal, das causas que levaram à queda do avião da empresa Voepass. Também queremos auxiliar os familiares das vítimas do voo 2283 a obter junto ao poder público e aos responsáveis pelo evento todas as informações pertinentes sobre o sinistro, bem como o apoio ao reconhecimento de seus direitos", acrescentou Maria de Fátima.
Representantes da associação serão definidos em assembleia. "O próximo passo é fazer uma eleição interna", disse a mãe da médica Arianne Albuquerque Risso. Familiares planejam processar a União, acionando na Justiça a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a Latam e a Voepass. A Latam tem um acordo de codeshare com a Voepass. Ou seja, passageiros podem comprar viagens pela Latam e viajar em voos operados pela Voepass.
O acordo faz com que a Latam seja corresponsável pelo serviço prestado, dizem especialistas ouvidos pelo UOL. Em nota, a Latam esclareceu que "a empresa operadora do voo é quem responde por toda a gestão técnica e operacional". Isso inclui "o atendimento aos passageiros nos aeroportos, o próprio voo e as suas eventuais contingências". A empresa disse ainda o cliente é avisado de que o voo será operado por outra companhia. O aviso ocorre "já no momento da busca pela passagem, antes mesmo do cliente decidir pela compra".
A maioria das famílias das vítimas do voo vão viajar para Brasília para acompanhar divulgação de relatório preliminar. Após pedido do Ministério Público, Voepass vai custear a viagem de dois representantes por vítima.
Relatório preliminar sobre motivo da queda do avião da Voepass será divulgado pela FAB no dia 6 de setembro. A FAB (Força Aérea Brasileira) informou que o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) fará uma entrevista coletiva, às 17h (horário de Brasília), para divulgar o relatório preliminar sobre a queda do avião em Vinhedo.
A coletiva acontecerá em Brasília e abordará o andamento das investigações do caso. Investigadores do Cenipa e o chefe do centro, o brigadeiro Marcelo Moreno, estarão na entrevista coletiva. "A FAB ressalta que o relatório final da investigação será divulgado no menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência. Quando concluído, o relatório final será publicado no site do Cenipa", finalizou.
O avião decolou às 11h50 de Cascavel (PR) e pousaria às 13h45. O modelo ATR 72 pertencia à Voepass Linhas Aéreas e tinha 58 passageiros e quatro tripulantes a bordo. Todos morreram. Aeronave despencou quase 4.000 metros em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4 mil pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar.
Passageiros podem ter sido avisados. O Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, responsável pela identificação das vítimas, afirmou na quinta-feira (15) que a preservação das mãos da maioria dos passageiros mostra que eles podem ter sido alertados sobre a queda.
Casas de condomínio residencial foram atingidas após a queda. O Corpo de Bombeiros mandou sete equipes para a rua João Edueta. Em imagens gravadas por moradores da região do Distrito Industrial, é possível ver o momento em que a aeronave despenca.
A extração dos dados das caixas-pretas foi concluída no último dia 13. A FAB (Força Aérea Brasileira) anunciou que o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) havia concluído a extração das informações dos dois gravadores de voo. O conteúdo foi extraído no Labdata (Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo), em Brasília, onde é feita agora a análise dos dados.
No momento, os agentes do Cenipa analisam as atividades relacionadas ao voo, o ambiente operacional e os fatores humanos. São examinados componentes, equipamentos, sistemas, infraestrutura, entre outros. A versão sobre gelo acumulado na fuselagem ter causado perda de sustentação, admitida pela Voepass, não é confirmada e nem descartada pelos investigadores. Eles dizem que o trabalho está só começando e é precoce apontar causas.
A Polícia Federal de Campinas vai concentrar investigação criminal. A investigação penal sobre o acidente será conduzida pela PF em Campinas, que contará com a colaboração da Polícia Civil. A informação é do delegado Édson Geraldo de Souza, chefe da Polícia Federal na cidade, ao UOL. Na última segunda-feira (26), a PF começou analisar os dados de componentes e caixas-pretas do ATR 72-500 da Voepass.
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