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Fiocruz diz que há 'janela de oportunidades' para bloquear coronavírus

Fiocruz diz que há 'janela de oportunidades' para bloquear coronavírus

Para a Fiocruz, se houver uma alta cobertura vacinal completa, há a possibilidade de, tanto reduzir o número de casos, internações e óbitos, como de bloquear a circulação do vírus

Publicado em 9 de fevereiro de 2022 às 17:05

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Em um extenso boletim sobre os dois anos da pandemia do novo coronavírus, divulgado na manhã desta quarta-feira (9), o Observatório Covid-19 Fiocruz apontou que, mesmo com as incertezas ainda existentes sobre a doença, o atual cenário pode ser encarado com uma janela de oportunidades para bloquear o vírus.

"É fato que a explosão de casos, por causa da variante ômicron, cria temporariamente uma legião de pessoas com resposta imune ao vírus. Mesmo que esta resposta seja de curta duração ou temporária, isso significa que, por algum tempo, haverá centenas de milhares de pessoas ao mesmo tempo imunes a uma nova infecção", afirma o documento assinado pelos pesquisadores da Fiocruz.

"Este cenário pode ser encarado como uma janela de oportunidades. Em um momento em que há muitas pessoas imunes à doença, se houver uma alta cobertura vacinal completa, há a possibilidade de, tanto reduzir o número de casos, internações e óbitos, como de bloquear a circulação do vírus. Isto porque haverá menos suscetíveis, mesmo que temporariamente", diz também o texto.

Servidor da Fiocruz prepara vacina de Oxford/AstraZeneca para a primeira aplicação no Brasil.
Para a Fiocruz, caso o país, neste momento, intensifique a oferta de vacinas, conseguirá, "em tese, impedir a transmissibilidade do vírus de forma comunitária por algum tempo". (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Segundo o observatório, o momento atual da pandemia no Brasil pode representar uma chance de readequação do sistema de saúde para o atendimento de casos mais graves e o acompanhamento de pessoas infectadas com sintomas mais leves.

Para isso, diz o documento, é necessária a implementação de práticas de telessaúde, testagem estratégica de casos suspeitos e de pessoas do entorno do paciente, além do reforço de estruturas hospitalares e ambulatoriais.

No boletim, os pesquisadores lembram que alguns países e agências de saúde já discutem a transição da caracterização da doença de pandemia para a endemia.

"Essa mudança não representa, de nenhuma maneira, a eliminação do vírus e da doença, nem a redução da adoção de medidas de proteção individual e coletiva."

De acordo com o documento, a classificação de "endemia" somente poderá ser pensada após a drástica redução da transmissão pelas novas variantes e por meio de uma campanha mundial de vacinação.

O texto faz inúmeras defesas à vacinação em massa contra a Covid-19. Diz que caso o país, neste momento, intensifique a oferta de vacinas, conseguirá, "em tese, impedir a transmissibilidade do vírus de forma comunitária por algum tempo".

O boletim aponta que o avanço da vacinação no Brasil, depois de um ano, tem ocorrido, mas não de forma homogênea e evidencia as diferentes realidades do país.

Os pesquisadores explicam que enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste "ainda têm bolsões com baixa imunização", lembrando que esses locais têm menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), populações mais jovens, menos escolarizadas, baixa renda e residentes de cidades de pequeno porte.

Boletim sugere quatro estratégias de saúde pública:

"Para estes locais, o fim da pandemia parece mais distante que para grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevada cobertura vacinal com duas doses", aponta o boletim.

Em São Paulo, segundo o governo João Doria (PSDB), 80% da população paulista já tomaram ao menos duas doses da vacina. Nesta quarta, o tucano disse que o estado vai adotar a aplicação da quarta dose, mesmo com o Ministério da Saúde afirmando que ainda não há dados suficientes para se comprovar a necessidade para isso.

Os cientistas citam também números e reflexos sociais dos dois anos de pandemia no mundo e fazem comparações com o Brasil.

Lembram, por exemplo, que o país, com cerca de 630 mil mortes, representa 11% dos 5,71 milhões de óbitos provocados pela doença.

"Enquanto no mundo a mortalidade por milhão de habitantes foi de 720, no Brasil ela alcançou 2.932, ou seja, quatro vezes maior, resultando em uma calamidade que afetou diretamente a saúde e as condições de vida de milhões de brasileiros", ressaltam.

Além de impactar a saúde, a pandemia, reforçam os pesquisadores, resultou em uma combinação de efeitos sociais e econômicos que agravam as desigualdades estruturais da sociedade.

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"O Brasil é um dos países de maior desigualdade social no mundo, o que amplia a vulnerabilidade de diferentes territórios e populações à pandemia, em favelas, comunidades indígenas e quilombolas, entre outras", concluem.

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