O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, retirou da pauta da corte de quarta-feira (21) o julgamento que discutiria a permanência do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) no cargo, após o senador fazer um novo pedido de afastamento.
Horas depois de ter encaminhado à Mesa Diretora do Senado o pedido de afastamento por 90 dias, Rodrigues, flagrado pela Polícia Federal com dinheiro escondido na cueca, retificou o texto, aumentando para 121 dias sua licença do cargo.
Fux atendeu a um pedido do relator do caso, ministro Luís Roberto Barroso. O magistrado afirmou que, depois de Rodrigues ter pedido licença do cargo, a análise do caso nesta semana pelo plenário não é mais necessária.
Barroso suspendeu os efeitos da sua decisão de afastar Rodrigues, mas manteve o senador proibido de fazer contato por qualquer via com os demais investigados e testemunhas da investigação.
O parlamentar é suspeito de integrar um esquema de corrupção para desviar recursos públicos na compra de testes rápidos para detecção da Covid-19.
O esquema envolveria mais de R$ 20 milhões em emendas parlamentares. A Controladoria-Geral da União (CGU) também participa da investigação.
O pedido de licença do senador foi costurado por senadores com o objetivo de esvaziar a medida cautelar do ministro Luis Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), que afastou o parlamentar do cargo e evitar o julgamento no supremo. Com isso, o senador agora licenciado abre margem para que o cargo seja ocupado pelo seu suplente.
O primeiro na lista é seu filho, Pedro Rodrigues (DEM-RR), mas seus aliados querem encontrar uma alternativa para que o segundo suplente, Onésimo de Souza Cruz Netto, assuma o cargo.
O Senado tenta se preservar de críticas, já que o primeiro suplente também foi alvo da operação que apura desvios em verbas de combate à Covid-19 no estado.
Há senadores que defendem que Rodrigues renuncie ao cargo. De acordo com informação da Polícia Federal enviada ao STF, as buscas na casa do senador ocorreram também no quarto de Pedro Rodrigues, onde estava localizado um cofre.
"Efetuamos a busca no cofre situado no quarto do Sr. Pedro Rodrigues, filho do Senador, no qual não foi encontrado valores ou documentos relacionados aos fatos sob investigação. Contudo, nesse momento, o Senador Chico Rodrigues indagou ao Delegado Wedson se poderia ir ao banheiro. O Delegado Wedson respondeu que sim, mas informou que o acompanharia", afirmou a polícia. De acordo com o inquérito, foi após esse momento que os policiais observaram um volume diferenciado na roupa do senador.
Nesta hora, o Delegado Wedson percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do Senador Chico Rodrigues, que utilizava um short azul (tipo pijama) e uma camisa amarela.
De acordo com informação da Polícia Federal enviada ao Supremo, o parlamentar escondeu R$ 33.150 na cueca. Desse total, R$ 15 mil em maços de dinheiro estavam entre as nádegas. A defesa alega que o recurso era particular, e que o parlamentar não cometeu irregularidades.
No despacho, o ministro Luís Roberto Barroso, apontou a "gravidade concreta" do caso, que, segundo ele, exige o afastamento do parlamentar com o objetivo de evitar que Rodrigues use o cargo para dificultar as investigações.
Na tarde desta segunda-feira (19), Rodrigues, que era titular do conselho de ética, pediu desligamento do Conselho de Ética. O senador também já se desligou da comissão especial que analisa os gastos do governo com a pandemia causada pelo novo coronavírus.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta