As críticas feitas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, à Lava Jato causaram reação de integrantes das forças-tarefa da operação e do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Já o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a legitimidade de Aras para questionar os métodos da investigação.
Nesta quarta (29), o Ministério Público Federal afirmou que existe uma investigação sigilosa em curso na corregedoria da instituição para apurar "dificuldades" no acesso ao banco de dados da operação. "A apuração dos fatos jogará luz e dará transparência aos procedimentos internos" do MPF, segundo nota divulgada pela Procuradoria.
Em live na terça (27) do grupo Prerrogativas, Aras já havia dito que o pedido de acesso a dados da Lava Jato faz parte da busca por "transparência" no MP. "Todo o Ministério Público Federal, no seu sistema único, tem 40 terabytes. Curitiba tem 350 terabytes e 38 mil pessoas lá com seus dados depositados.
Ninguém sabe como foram escolhidos, quais os critérios", disse Aras. Segundo o procurador-geral, dados obtidos por promotores e procuradores não podem servir a "propósitos antirrepublicanos" e "não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com caixas de segredos". Afirmou ainda que "é hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure".
Em resposta a Aras, Moro afirmou que "desconhece segredos ilícitos" da operação e que a investigação "sempre foi transparente". Em nota, procuradores da Lava Jato declararam que "devem ser refutados ataques genéricos e infundados às atividades de procuradores e as tentativas de interferir no seu trabalho independente", diz o texto assinado pelo MP no Paraná. "A ilação de que há 'caixas de segredos' no trabalho dos procuradores é falsa, assim como a alegação de que haveria milhares de documentos ocultos. Não há na força-tarefa documentos secretos. Os documentos estão registrados nos sistemas eletrônicos da Justiça Federal ou do Ministério Público Federal e podem ser acessados", afirma o comunicado da Lava Jato.
Maia, no entanto, defendeu o "alerta" de Aras. "A impressão que me dá é de que (procuradores) não gostam de ser fiscalizados. Eu não vejo como funciona o sistema de controle no momento em que o procurador-geral, que é o responsável por todos os MPs, não deve, na opinião deles, ter acesso a informações", afirmou Maia ao programa Manhã Bandeirantes, ontem.
Procuradores e a cúpula da PGR entraram em choque após Aras determinar diligência para o compartilhamento de informações da Lava Jato. Um grupo de procuradores pediu demissão em junho. Dias depois, a PGR divulgou nota na qual diz que "a Lava Jato não é órgão autônomo".
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