A Fundação Cultural Palmares, órgão ligado ao governo federal que tem por atribuição valorizar a produção de negros brasileiros e combater o racismo, publicou em seu site nesta quarta-feira (2) uma nota afirmando que 27 nomes foram retirados de uma lista de personalidades homenageadas.
As deferências vêm de governos anteriores ao do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e incluem artistas, políticos e esportistas, entre outros. Saíram do grupo a deputada federal Benedita da Silva (PT), a escritora Conceição Evaristo, os cantores Elza Soares, Gilberto Gil e Martinho da Vila e a ex-senadora da Rede Marina Silva (veja abaixo a lista completa). A exclusão dos nomes gerou protestos nas redes.
"Minha solidariedade a todos que sofreram perseguição ideológica e foram excluídos da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. O brilho de vocês ninguém apaga. Esta onda negacionista está passando. Restará o esquecimento", publicou o apresentador Luciano Huck.
Presidente da Palmares, Sérgio Camargo respondeu às críticas em rede social e confirmou a medida, resultante de uma portaria que restringe homenagens a pessoas que já morreram. A Justiça Federal da 1ª Região deu cinco dias para que ele explicasse a decisão.
"Para que pessoas sejam reconhecidas em vida, novas homenagens, premiações e diplomas devem ser divulgados pela Fundação, em breve", prossegue a nota no site da fundação.
Não estão na lista divulgada por Camargo nomes como os do transformista Madame Satã e do político e guerrilheiro Carlos Marighella, que ele classifica como marginais. O presidente da Palmares afirma na internet, porém, que essas nomes também foram excluídos.
"Tinha o triplo homicida Madame Satã e políticos de esquerda, mas Pixinguinha estava relegado ao esquecimento na Palmares", disse, em publicação em rede social. "Os cidadãos pretos do Brasil têm honra e valores. Não lutam por bandidos", prossegue.
Camargo ficou conhecido por defender posições polêmicas, como a de que a escravidão teria sido benéfica aos negros brasileiros.
"Não vai ficar assim! Vamos reverter essa decisão canalha na Justiça! O único nome que será esquecido será o dessa figura quando deixar a presidência da Palmares", publicou em redes sociais o advogado e professor Marivaldo Pereira.
A lista de homenageados da Palmares ganhou oito nomes: o comediante Mussum, a atriz Jacira de Almeida, o policial Luiz Paulo Costa Silva, o cantor Wilson Simonal, o militar Marcílio Pinto, o atleta João do Pulo e os compositores Pixinguinha e Luiz Melodia.
Os nomes foram divulgados pelo presidente da Palmares acompanhados do texto: "é preciso relevância, mérito e caráter. A lista de Personalidades Negras Notáveis passa a prestar homenagens póstumas. Todos os que foram excluídos podem voltar um dia, pelo critério da contribuição histórica. Basta merecer".
A medida de Camargo também teve repercussão no Senado, onde se debate medida para barrar a decisão na Palmares. "Os senadores deveriam dar prioridade aos projetos que são fundamentais para o povo e para o Brasil, em vez de se preocupar com uma lista e sair em defesa dos egos feridos da Benedita, Marina Silva e demais excluídos pela Palmares, com base em portaria", escreveu Camargo.
Ádria Santos (atleta)
Alaíde Costa (cantora e compositora)
Benedita da Silva (deputada federal, PT-RJ)
Conceição Evaristo (escritora)
Elza Soares (cantora)
Gilberto Gil (compositor e cantor)
Givânia Maria da Silva (educadora)
Janete Rocha Pietá (arquiteta e política)
Janeth dos Santos Arcain (esportista)
Joaquim Carvalho Cruz (atleta)
Jurema da Silva (política)
Léa Lucas Garcia de Aguiar (atriz)
Leci Brandão (cantora)
Luislinda Valois (jurista e política)
Marina Silva (política)
Martinho da Vila (cantor e compositor)
Milton Nascimento (cantor e compositor)
Paulo Paim (senador, PT-RS)
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (pesquisadora)
Servílio de Oliveira (sindicalista e político)
Sueli Carneiro (filósofa e escritora)
Terezinha Guilhermina (atleta)
Vanderlei Cordeiro de Lima (atleta)
Vovô do Ilê (fundador do primeiro bloco afro da Bahia)
Zezé Motta (atriz e cantora)
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