Em esforço para se distanciar da má imagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Europa, cinco governadores da Amazônia participam nesta segunda-feira (28) de um encontro no Vaticano com religiosos e cientistas para discutir formas de preservar a floresta.
A reunião ocorre um dia após o encerramento do Sínodo para a Amazônia, cujo documento final propõe o respeito aos povos indígenas e a busca por modelos econômicos alinhados à "ecologia integral".
"Não tem como as pessoas estarem aqui tratando da Amazônia sem a nossa presença", afirmou o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), após a missa de encerramento do sínodo, conduzida pelo papa Francisco na Basílica de São Pedro.
"Todas as vezes em que há uma ameaça contra a Amazônia, é ruim para o Brasil. Quando saem as manchetes negativas, é pior ainda para os estados da Amazônia. Somos os primeiros a receber a fatura. Somos nós os que começamos a sofrer embargo de nossos produtos, o dedo primeiro aponta para a gente, como se fôssemos os destruidores da Amazônia."
Além de Lima, participam do encontro os governadores da Amazônia Legal Helder Barbalho (MDB-PA), Waldez Góes (PDT-AP), Gladson Cameli (PP-AC) e Flávio Dino (PC do B-MA). O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), também está em Roma para o evento.
Os dois governadores da Amazônia filiados ao PSL, Antonio Denarium (RR) e Marcos Rocha (RO), não participarão. Os outros ausentes são o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM-MT), e o de Tocantins, Mauro Carlesse (DEM-TO).
Também falarão políticos de outros países amazônicos, representantes do Vaticano, cientistas, como o biólogo americano Thomas Lovejoy, e representantes de ONGs ambientalistas, entre os quais Virgilio Viana, da FAS (Fundação Amazonas Sustentável).
O governador amazonense, que apoiou Bolsonaro na eleição do ano passado, disse que discorda da avaliação do Palácio do Planalto segundo a qual o sínodo católico representa uma questão de segurança nacional.
"Eu não vejo dessa forma. O amadurecimento do processo democrático avançou, não permite mais esse tipo de insinuação", disse Lima.
A recente explosão dos índices de desmatamento da Amazônia gerou uma onda de críticas na Europa contra a política ambiental de Bolsonaro. O rechaço incluiu governos como o da França e anúncios de boicote a produtos brasileiros.
Em resposta, o mandatário brasileiro tem dito que a Amazônia é um assunto exclusivamente nacional e que as críticas dos países ricos têm "espírito colonialista". "É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade", afirmou na ONU.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta