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Governadores já cogitam consórcio para ter Coronavac

Governadores já cogitam consórcio para ter Coronavac

Proposta surgiu diante da resistência de Bolsonaro ao imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantã com parceria de laboratório chinês; financiamento é um dos desafios

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 15:11

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Vacina CoronaVac começou a ser testada nesta terça-feira (21) no Brasil
Vacina CoronaVac começou a ser testada nesta terça-feira (21) no Brasil. (Retha Ferguson/ Pexels)

Governadores e secretários de Saúde do País cogitam a possibilidade de se unirem em um consórcio para financiar e distribuir a Coronavac, assim que houver aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A alternativa ganha força diante da possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro ignorar a vacina contra a covid-19, hoje em desenvolvimento pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã, por causa de disputas políticas com o governador João Doria (PSDB) e o país de origem do produto.

Bolsonaro disse à Rádio Jovem Pan que não comprará o imunizante mesmo se liberado pela Anvisa. Há, diz, "descrédito muito grande" da população sobre a Coronavac e a China.

A possibilidade de os governadores se articularem em consórcio foi adiantada pela Coluna do Estadão. A ideia ainda embrionária, porém, esbarra na dificuldade de ter recursos sem apoio federal. Representantes de Doria pediram R$ 1,9 bilhão ao Ministério da Saúde no projeto da vacina, mas o valor total pode ser maior. Uma das fontes de recursos estudada para a Coronavac é a Medida Provisória 994, que prevê R$ 2 bilhões para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O dinheiro é destinado ao desenvolvimento de outra vacina, de parceria da farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford (Reino Unido). A ideia seria obter, na tramitação da MP no Congresso, a destinação de parte do montante ao Butantã e à pesquisa da Coronavac.

Em agosto, Doria pressionou a bancada paulista na Câmara para isso. Em reunião virtual com os deputados, disse que não poderia haver politização da vacina. Ele considerou uma discriminação que a MP destinasse todo o dinheiro só para a Fiocruz e nada ao Butantã.

O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), admite que a ideia do consórcio foi cogitada, mas acredita que haverá outra solução antes. "Bolsonaro está isolado e vai perder essa guerra disparatada. Só teremos cenário mais claro quando as agências reguladoras dos Estados Unidos, União Europeia, Japão e China se posicionarem. E começar vacinação em massa em outros países. Então haverá argumentos suficientes para até mesmo recorrer ao Judiciário", disse ao Estadão.

Na quarta-feira, 21, em vista a Brasília, o diretor do Butantã, Dimas Covas, disse que, se a vacina for aprovada pela Anvisa, as 46 milhões de doses estarão disponíveis para os brasileiros quer a União decida pela compra ou não. "A questão será o financiamento. No momento é uma questão crítica porque obviamente essas vacinas têm custo." Indagado sobre um possível consórcio na quarta-feira, Doria disse que, por ora, o objetivo é a vacina ser adquirida pelo ministério e distribuída pelo SUS

VERBA 

Indicada para relatar a MP da Fiocruz, a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) disse ao Estadão que não deve acatar emendas para destinar parte da verba ao Butantã, mas defende que a União desembolse. "Entendemos e já conversamos com os deputados que o mais adequado é que tenha recurso específico para o Butantã." Mariana é da ala de Doria e deve sofrer pressão da bancada paulista para acatar a mudança.

A MP foi assinada em agosto para viabilizar 100 milhões de doses de vacina. Já é válida, mas ainda pode ser alterada pelo Congresso até 3 de dezembro. Uma mudança precisaria da sanção presidencial. Os deputados Vinicius Poit (Novo-SP) e Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) apresentaram emendas para dar verba ao Butantã. Poit pede R$ 997,480 milhões e Jardim, R$ 500 mil para São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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