O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o presidente Jair Bolsonaro deu uma "contribuição importante" ao País ao oferecer o ministério da Justiça e da Segurança Pública ao então juiz federal Sérgio Moro e, assim, afastá-lo da Operação Lava Jato. Para o ministro, a saída de Moro de Curitiba ajudou a retornar a "normalidade" ao país.
"Uma contribuição importante - tendo em vista inclusive as revelações que estão aí - que o governo Bolsonaro deu ao sistema político institucional brasileiro foi ter tirado o (Sérgio) Moro da Lava Jato", disse Gilmar. A opinião foi dada durante entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, veiculada na noite de domingo passado.
O ministro disse que ida de Moro para o governo Bolsonaro poderia validar acusações de suspeição do então juiz federal para os casos denunciados pela operação, como os que pesam contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
"Não sei se foi uma boa opção para o Moro, inclusive deste ponto de vista da insuspeição, da imparcialidade. Ter prendido o principal adversário do presidente da República, do candidato a presidente da República, e vir servir a esse governo. Colegas acadêmicos mundo afora fazem esse tipo de pergunta", afirmou.
O ministro disse ser "inevitável" que as supostas conversas vazadas, entre promotores da Lava Jato e Moro, devam ser usadas no processo que avaliará a suspeição do atual ministro, a ser analisado pelo Supremo ainda neste semestre. O ministro destacou ainda que as discussões, na avaliação dele, deverão passar pelo fato de as provas serem licitas ou não. Ainda assim, Gilmar criticou o conteúdo das mensagens entre Moro e os promotores.
"Tenho a impressão de que havia um voluntarismo, um propósito até positivo de combate à criminalidade, eventualmente a qualquer preço. Eu já disse que pode até não ter grandes talentos jurídicos na Lava Jato, mas eles têm grande talento de mídia, de marketing".
O ministro, entretanto, afirmou que o recurso que questionava a parcialidade de Moro em processos como o do ex-presidente Lula já havia sido apresentado ao STF antes de o site The Intercept Brasil começar a divulgar o conteúdo das mensagens. Ele defendeu ainda o entendimento de que réus delatados devem ser ouvidos após seus delatores, o que também afeta a Lava Jato.
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