Em meio ao cenário de indefinição do Enem 2021, o governo Jair Bolsonaro (sem partido) exonerou Alexandre Gomes da Silva do cargo de diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que era responsável pela organização do exame.
A saída de Gomes da Silva, coronel aviador sem experiência prévia em educação, foi oficializada em despacho no Diário Oficial da União desta quarta-feira (26). Ele havia sido indicado pelo ministro da pasta, pastor Milton Ribeiro, e ficou menos de três meses na função.
O coronel já estava afastado das suas funções e o cargo vinha sendo exercido por Anderson Oliveira desde o dia 18 de maio, quando ele foi nomeado diretor substituto. De acordo com servidores do instituto, Silva foi exonerado porque não se adaptou ao trabalho.
Ele mesmo teria pedido demissão e ainda não contava com a confiança do atual presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro.
Se efetivado, Oliveira será a sétima pessoa a ocupar o posto durante o governo Bolsonaro a diretoria é uma das mais importantes do instituto.
Por conta de turbulências políticas na pasta, esse cargo ficou mais tempo vago do que ocupado na maior parte do primeiro ano do governo. A própria presidência do Inep já passou por quatro mudanças nesta gestão.
Ele é servidor do Inep desde 2013. Segundo o órgão divulgou, Oliveira é bacharel em direito e tem mestrado em gestão pública --também consta em seu currículo uma pós-graduação em uma instituição especializada em coaching religioso,a Florida Christian University.
A demissão do militar adiciona ainda mais incerteza na realização do Exame Nacional do Ensino Médio, principal porta de entrada para o ensino superior no país. A nota do Enem é usada por praticamente todas as instituições públicas federais e serve de critério para acesso a programas de inclusão em faculdades privadas, como o ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil).
O Inep afirma não ter definição do cronograma da prova por questões orçamentárias e também logísticas, devido à pandemia de coronavírus.
A previsão atual, segundo documentos obtidos pela reportagem, é que a prova só seja aplicada em meados de janeiro de 2022. A assessoria do Inep nega que o adiamento esteja definido.
O último exame, do Enem 2020, que seria originalmente aplicada no final de 2020, também aconteceu somente no início deste ano por causa da pandemia de Covid-19.
O Inep afirma ter orçamento garantido para a realização do exame neste ano. Mas, segundo interlocutores, ainda há indefinições sobre custos caso a aplicação seja em meio à pandemia na última edição, vários participantes foram barrados na prova porque alguns locais de prova não comportavam todos os candidatos no esquema montado para garantir o distanciamento social.
As provas costumam acontecer em novembro, mas ainda não havia datas para a realização do exame neste ano.
O coronel agora desligado da diretoria havia assinado nota técnica em que defendia o adiamento do Saeb, conforme revelado pelo jornal Folha de S.Paulo em março. O MEC voltou atrás e prometeu que realizará a avaliação da educação básica neste ano.
Servidores do Inep tem criticado a condução do órgão sob o governo Bolsonaro. A associação que representa os funcionários já publicaram duas cartas abertas em que questionam nomeações com viés ideológico e esvaziamento do órgão.
Sete ex-ministros da Educação também divulgaram comunicado em que afirma que o Inep está em perigo e tem sido enfraquecido.
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