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Governo Lula edita regra para limitar sigilo de até 100 anos

Governo Lula edita regra para limitar sigilo de até 100 anos

Nova diretriz define que sigilo será de no máximo 15 anos quando o ministério ou outro órgão não definir qual deve ser o prazo de restrição de acesso ao documento

Publicado em 30 de setembro de 2024 às 17:27

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A CGU (Controladoria-Geral da União) aprovou regras para limitar as situações em que documentos que contêm dados pessoais são colocados em sigilo por até cem anos.

A nova diretriz define que o sigilo será de no máximo 15 anos quando o ministério ou outro órgão não definir qual deve ser o prazo de restrição de acesso ao documento. Depois desse período, o caso será reavaliado.

A mudança não exclui as possibilidades de sigilo de até cem anos. Esse período está previsto no artigo 31 da Lei de Acesso à Informação (LAI) e pode ser aplicado aos casos que contenham informações pessoais, "relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem".

O governo ainda deve enviar ao Congresso um projeto de lei para mudar esse dispositivo. O texto define que apenas informações pessoais sem interesse público e que podem comprometer direitos de uma pessoa podem receber esse período de restrição.

Pelo projeto, o gestor público que lida com a LAI também teria de motivar a decisão e avaliar se há interesse público nas informações.

A leitura do governo é que o trecho da lei que trata dos dados pessoais é aplicado de forma exagerada. Com o novo enunciado, a ideia é que os gestores públicos que lidam com a LAI apontem prazos menores e justifiquem o sigilo.

As novas regras integram dois enunciados sobre a aplicação da Lei de Acesso à Informação que serão assinados nesta segunda-feira (30) pelo ministro Vinícius Marques de Carvalho

Em um destes enunciados, a CGU também definiu que os órgãos públicos devem enviar relatórios apontando os casos em que aplicam o artigo 31 da LAI. O plano é monitorar se o dispositivo tem sido corretamente utilizado.

A LAI prevê três graus de classificação de sigilo para documentos ultrassecretos (25 anos), secretos (15 anos) e reservados (5 anos). Especialistas em transparência avaliam que a imposição de até cem anos de sigilo veio da interpretação distorcida de trecho do artigo 31 da lei.

Durante o governo Jair Bolsonaro (PL), foram 413 casos de negativas indevidas com base no uso do artigo.

Na campanha, Lula prometeu acabar com o sigilo de até um século. Uma das suas primeiras medidas como presidente foi determinar a revisão de restrições de dados definidas pela gestão Bolsonaro.

Sob Lula (PT), porém, as restrições de até um século se mantêm em alguns casos. O governo adotou essa postura, por exemplo, em pedidos de acesso à declaração de conflito de interesses do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

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