O governo acatou nova indicação do Centrão e decidiu nomear nesta sexta-feira (5) Arnaldo Correia de Medeiros como novo secretário de Vigilância da Saúde do Ministério da Saúde. Trata-se da área responsável por monitorar dados e formular ações de controle de doenças, caso da estratégia contra o novo coronavírus.
Desde que se viu enfraquecido em meio à crise política que se soma à pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a se aproximar do chamado Centrão, bloco formado por partidos como PL, PSD, Solidariedade, PP e Republicanos.
A nomeação de Medeiros foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta. Formado em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal da Paraíba, ele tem mestrado em bioquímica e imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutorado em ciências biológicas pela Universidade de São Paulo. Também é professor associado da Universidade Federal da Paraíba.
Medeiros assume no lugar do enfermeiro epidemiologista Wanderson de Oliveira, que entrou na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e ficou conhecido como um dos formuladores da estratégia brasileira de monitoramento e controle da epidemia da Covid-19.
Embora tenha anunciado sua saída em abril, Oliveira ficou no cargo por mais um mês, durante a transição para a gestão do ministro Nelson Teich, de quem recebeu convite para permanecer no governo.
Desde a saída de Teich, há 20 dias, a pasta está sob o comando interino do general Eduardo Pazuello, que tem aumentado o número de militares da Saúde, seguindo um movimento adotado por Bolsonaro ao longo dos últimos meses.
A indicação do novo secretário é atribuída por parlamentares e interlocutores do governo ao líder do PL na Câmara, deputado Wellington Roberto (PB), ambos são paraibanos. A reportagem não conseguiu contato com o parlamentar para comentar a indicação.
Em conversas reservadas, parlamentares disseram à reportagem que as indicações do Centrão para cargos do governo estão acontecendo pouco a pouco e de forma desordenada.
Além de Medeiros, outro nome indicado pelo Centrão já assumiu um cargo vinculado à Saúde. Trata-se do coronel Giovanne Gomes da Silva, que deixou o comando da Polícia Militar de Minas Gerais para ocupar a presidência da Funasa, fundação vinculada ao Ministério da Saúde e que responde por ações de saneamento básico em cidades de pequeno porte e áreas rurais.
Até o momento, ao menos 26 militares já foram nomeados, a maioria para cargos de direção, coordenação e assessoria técnica. O ministro, porém, tem dito que eles devem permanecer no cargo inicialmente por apenas 90 dias, os quais podem ser prorrogados.
Nesta sexta, mais dois deles foram nomeados. Nivaldo Alves de Moura Filho deve assumir o cargo de diretor na secretaria-executiva. Já o coronel Roberto Bentes Batista, que é médico, deve assumir o cargo de diretor do departamento de engenharia de saúde pública da Fundação Nacional de Saúde.
No mesmo dia em que nomeou mais dois militares, Pazuello também publicou a exoneração de dois servidores que assinaram uma nota técnica sobre acesso à saúde sexual e reprodutiva das mulheres durante a pandemia. O documento foi distorcido pelo presidente Jair Bolsonaro, que mandou procurar os autores e disse que a pasta não apoiava uma tentativa de legalização do aborto - o documento, porém, falava apenas na necessidade de manter serviços de assistência para os casos previstos em lei e que já ocorrem hoje.
As exonerações de Danilo Campos da Luz, coordenador de Saúde do Homem, e Flávia Andrade Fialho, coordenadora de Saúde das Mulheres, ambos da Coordenação-geral de Ciclos da Vida da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, foram publicadas no Diário Oficial.
Em nota, o ministério disse apenas que as exonerações fazem parte de composição da nova equipe da pasta.
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