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'Governo terá de andar com suas pernas', diz Lira após MP dos Ministérios

'Governo terá de andar com suas pernas', diz Lira após MP dos Ministérios

Proposta recebeu aval da Câmara dos Deputados um dia antes do limite e apenas após liberação recorde de emendas parlamentares

Publicado em 1 de junho de 2023 às 09:36

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Iander Porcella e Giordanna Neves

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou na madrugada desta quinta-feira (1º), que o governo terá de "andar com suas pernas" a partir de agora, após a aprovação da Medida Provisória (MP) que reestrutura a Esplanada dos Ministérios. O Palácio do Planalto correu o risco de derrota no plenário ou de ver a MP caducar diante de uma ameaça de "rebelião" de deputados insatisfeitos com a articulação política e com o ritmo de liberação de emendas.

"O presidente Lula fez um apelo de manhã (na quarta-feira, 31). Nós passamos o dia todo conversando a respeito, e a Câmara, os líderes de partidos independentes, que não fazem parte da base do governo, reconheceram a necessidade de dar mais uma oportunidade ao governo. Portanto, nós estamos longe ainda de estarmos comemorando a base, como alguns tentam passar", disse Lira, antes de deixar a Câmara.

Arthur Lira
Arthur Lira. (Bruno Spada/Câmara)

A MP, aprovada com 337 votos favoráveis, 125 contrários e uma abstenção, na noite desta quarta-feira, precisa ser votada ainda nesta quinta no Senado para não perder validade. Nesse caso, voltaria a valer a estrutura ministerial do governo Bolsonaro, com 17 pastas a menos.

"O governo terá a oportunidade de voltar a trabalhar, e o presidente Lula, aí sim, de forma mais efetiva, entrar, junto com seus ministros, numa articulação mais permanente, mais correta, para o governo ter, em matérias que virão, dias mais tranquilos", disse Lira.

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É importante que se diga, que se deixe claro que, daqui para frente, o governo, claro, vai ter que andar com as suas pernas. Não haverá mais nenhum tipo de sacrifício por parte da Câmara

Arthur Lira
Presidente da Câmara dos Deputados
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Lira afirmou ser importante que o governo "tenha a consciência" de que é preciso trabalhar para consolidar a base para a votação da reforma tributária e do projeto de lei que retoma o voto de desempate a favor da Receita Federal nos julgamentos do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), que analisa recursos de contribuintes a multas aplicadas pelo Fisco.

"O governo sabe, tem consciência de que a acomodação política ainda não está feita, não tem uma base ainda consolidada e precisa se dedicar a isso", declarou Lira, ao elogiar o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). "A oportunidade que todos enxergavam era de demonstrar ao governo que ele precisa acordar para que participe mais da vida ativa do País com o Parlamento", emendou, em referência ao risco de os deputados terem derrubado a MP.

Diante do impasse na MP, o governo liberou R$ 1,7 bilhão em emendas individuais na terça-feira (30), de acordo com dados do Siaf/Tesouro aos quais o Estadão/Broadcast teve acesso. O valor foi o maior em único dia e ultrapassou o montante de R$ 1 bilhão empenhado no último dia 23, quando o texto-base do novo arcabouço fiscal foi votado pelos deputados.

Além do esforço para empenhar os recursos para os parlamentares, o próprio Lula decidiu entrar em campo para tentar reverter o clima hostil da Câmara em relação ao Congresso. O petista telefonou na manhã desta quarta-feira para Lira. O deputado alagoano pediu que o presidente da República atue mais na articulação política.

Líderes haviam comentado ao longo do dia que a eventual aprovação da MP seria a "última chance" dada pela Câmara ao presidente. O telefonema foi um primeiro passo para melhorar a relação, mas será preciso apresentar ações concretas daqui para frente, alertaram os deputados, que também citaram a credibilidade do relator da medida, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), como um dos fatores que poderiam ajudar o governo.

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