Uma nota técnica sobre a "Situação da Pandemia de Covid-19 no Brasil" foi divulgada por pesquisadores brasileiros nesta segunda-feira (23). Na avaliação do grupo, o país vive o "início de uma 2ª onda" da pandemia do novo coronavírus.
Baseados nas estatísticas de casos e mortes do Ministério da Saúde, o estudo apontou que o pico da doença, no Brasil, ocorreu nos meses de julho a setembro. Após esse período, houve uma queda que durou até o início de novembro.
Além dos números de casos e mortes, a análise também levou em conta outros indicadores, como a taxa de transmissão da Covid-19. O ideal é que ela fique abaixo de 1, mas em praticamente todos os Estados brasileiros a taxa está acima de 1,1.
Os seis pesquisadores que assinam a nota técnica afirmam que esse movimento configura o início de uma segunda onda da doença. "A situação no Brasil se deteriorou fortemente nas últimas duas semanas, e o início de uma segunda onda de crescimento de casos já é evidente em quase todos os Estados, de forma particularmente preocupante nas regiões mais populosas do país", comunicam.
O grupo é composto por cientistas de cinco universidades públicas diferentes: Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia Campus Salvador (IFBA), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da Universidade de Brasília (UnB). Eles apontam pelo menos três fatores para o "aumento explosivo" ou "manutenção da grande circulação do vírus". São eles:
A nota acrescenta que o crescimento no número de casos é consequência de "uma sistemática queda dos níveis de isolamento social, mas também da ausência de campanhas de esclarecimento e falsa sensação de segurança disseminada na população".
Outro alerta feito é de que "as mortes em excesso por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) indicam fortemente que o número real de mortes por Covid-19 é superior aos valores anunciados, o que também é observado em diferentes proporções em outros países".
Segundo a projeção feita pelos pesquisadores, o percentual da população infectada nos Estados oscila entre 9% e 28%. "Consequentemente, todos os Estados estão muito longe ainda de atingir uma possível imunidade de rebanho. Permitir que a pandemia se alastre até atingir a imunidade de rebanho implicaria em um número de mortes muito maior do que o já observado até hoje (entre três e quatro vezes maior), com um forte saturação do sistema de saúde, que por sua vez aumentaria ainda mais o número de mortes", aponta a análise.
Diante das conclusões do estudo, o grupo faz recomendações para conter a doença, entre elas, que os gestores públicos tomem decisões com base na ciência, que o governo federal estabeleça a coordenação central no planejamento com estados e munícipios. Confira quais são:
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