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Grupo Flow não recebeu repasses da Prefeitura de São Paulo, ao contrário do que diz Marçal

Grupo Flow não recebeu repasses da Prefeitura de São Paulo, ao contrário do que diz Marçal

O ex-coach, que é candidato a chefe do Executivo municipal paulistano nas eleições de 2024, falou sobre a existência dos repasses após ser expulso de debate promovido pelo grupo no dia 23 de setembro

Publicado em 6 de outubro de 2024 às 11:25

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Grupo Flow não recebeu repasses da Prefeitura de São Paulo, ao contrário do que diz Marçal. (Reprodução TikTok | Arte A Gazeta)

Conteúdo investigado: Vídeo publicado no Instagram em que Pablo Marçal afirma que o podcast Flow teria recebido R$ 474 mil da Prefeitura de São Paulo, além de carrossel de imagens no TikTok com a mesma acusação.

Onde foi publicado: Instagram e TikTok.

Conclusão do Comprova: É enganosa a afirmação do candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), de que o Grupo Flow, responsável pelo Flow Podcast, teria recebido R$ 474 mil da gestão municipal. A insinuação foi feita em um vídeo, após o debate promovido pelo grupo no dia 23 de setembro, ocasião em que o ex-coach foi expulso por descumprimento de regras. Marçal fez a declaração seguida de alguns questionamentos enquanto respondia a uma caixinha de perguntas no Instagram.

“A empresa que fez o debate ontem [23] recebeu R$ 474 mil da Prefeitura de São Paulo. Você sabe em que guerra eu estou enfiado aqui? O que está por trás do consórcio comunista do Brasil?”, indagou.

Os pagamentos foram feitos, na verdade, a uma empresa homônima, a Flow Mídias e Publicidade Ltda. Conforme consulta realizada pelo Comprova ao Portal da Transparência da Prefeitura de SP, não há registro de repasses ao Grupo Flow. O valor mencionado por Marçal se refere, na verdade, a dois pagamentos que totalizam R$ 474.999,62, realizados em 2023 para a Flow Mídia e Publicidade, empresa com CNPJ e sede diferentes do Grupo Flow, o qual negou relação entre os dois empreendimentos.

De acordo com os dados disponíveis no Portal da Transparência, o primeiro valor pago à Flow Mídia e Publicidade, no valor de R$ 65.972,22, é referente à “inserção de display e vídeo” na internet entre os dias 25 e 30 de novembro de 2023. Já o segundo pagamento, no valor de R$ 409.027,40, é referente à “inserção de display e vídeo nos principais portais de programática do ‘O Estado de São Paulo’”, entre os dias 1º e 31 de dezembro de 2023.

A Flow Mídia e Publicidade Ltda, CNPJ: 46.198.048/0001-57, tem sede registrada no bairro de Samambaia Norte, em Brasília (DF), está ativa desde abril de 2022 e conta com Wladimir Lenin Santos Araújo como sócio-administrador. A empresa não retornou às tentativas de contato do Comprova. Já a Estúdios Flow Produção de Conteúdo Audiovisual Ltda., da qual faz parte o Flow Podcast, está ativa desde 2020, opera com o CNPJ 37.728.635/0001-10 e tem sede localizada em Vila Prudente, na capital paulista. O apresentador Igor Rodrigues Coelho, conhecido como Igor 3K, é um dos sócios.

Em um comunicado, o Flow repudiou as declarações feitas por Pablo Marçal, onde ele acusa o grupo de “parcialidade, manipulação e recebimento de verbas da Prefeitura de São Paulo”.

“Essas alegações são completamente infundadas e atentam contra nossa reputação, construída com dedicação, transparência e ética. Reafirmamos que não recebemos nenhuma verba da Prefeitura”, consta em trecho da nota.

O Flow também fez uma investigação própria, que chegou aos mesmos resultados que a apuração do Comprova. O grupo ressaltou, ainda, que o debate foi realizado de maneira independente.

“Investigamos o assunto e constatamos dois pagamentos em 2023 à empresa Flow Mídia e Publicidade Ltda, empresa que não faz e nunca fez parte do Grupo Flow. Realizamos o debate de forma independente e inédita, com o objetivo de servir ao interesse público”, esclareceu o comunicado.

O Comprova também procurou a assessoria de Marçal para obter um posicionamento acerca das falas distorcidas, mas não houve respostas até a publicação deste texto. A Prefeitura de São Paulo, por sua vez, informou que “nunca fez qualquer tipo de compra de mídia com o Grupo Flow”.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 1º de outubro, o conteúdo alcançou mais de 2 mil visualizações no Tik Tok e mais de 66 mil visualizações no Instagram.

Fontes que consultamos: Consultamos o Portal da Transparência da Prefeitura de São Paulo, o Grupo Flow, via nota divulgada no Instagram, e a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo (Secom).

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Estadão Verifica também fez checagem sobre a alegação, classificando-a como enganosa. Lupa e Aos Fatos concluíram que a declaração é falsa. Marçal foi alvo de apuração recente do Comprova, também por conta do uso de homônimos. Mostramos como fazer uma busca processual adequada utilizando o Jusbrasil a partir da acusação do candidato do PRTB de que Guilherme Boulos (PSOL) seria usuário de drogas.

Investigação e verificação

Investigado por: CNN Brasil, UOL, Tribuna do Norte e Portal Norte
Texto verificado por: A Gazeta, Metrópoles, Agência Tatu, SBT, SBT News, AFP, Folha, Nexo e O POVO

O Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada e mantida pela Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens. A Gazeta faz parte dessa aliança.

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