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Grupo que aconselha OMS aprova intervalo maior entre doses de vacina

Grupo que aconselha OMS aprova intervalo maior entre doses de vacina

Os especialistas afirmam que, embora o recomendado seja aplicar as duas doses em intervalo de 21 a 28 dias, aceita-se que a segunda injeção seja dada até seis semanas depois da primeira

Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 17:18- Atualizado há 4 anos

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São Paulo começa a vacinar população em janeiro de 2021
Vacinação ainda não teve início no Brasil. (Pixabay)

O Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (Sage) da OMS avalizou o espaçamento entre as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech contra Covid-19, estratégia adotada pelo Reino Unido e pela Dinamarca para acelerar a imunização da população.

O grupo divulgou nesta terça (5) recomendações de saúde pública para o emprego do imunizante, o único incluído até agora na lista de uso emergencial da OMS (Organização Mundial de Saúde). Os especialistas afirmam que, embora o recomendado seja aplicar as duas doses em intervalo de 21 a 28 dias, aceita-se que a segunda injeção seja dada até seis semanas depois da primeira, para maximizar o alcance da imunização quando houver escassez de vacinas.

Segundo o secretário do grupo, Joachim Hombach, nos ensaios clínicos realizados com o produto da Pfizer/BioNTech houve variações de intervalo entre as doses, de até 42 dias, por isso a recomendação do Sage adota seis semanas como limite máximo para a segunda injeção.

Os especialistas observaram porém que ainda faltam dados sobre o funcionamento do imunizante administrado em diferentes intervalos, e não é possível saber o impacto de espaçar as doses em até 12 semanas, estratégia adotada pelo governo britânico.

As autoridades de saúde do Reino Unido justificaram a medida com base em dados do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização, que afirma que a primeira dose garante "proteção substancial, em particular para Covid-19 grave, dentro de duas a três semanas de vacinação". O primeiro-ministro Boris Johnson conta com a aceleração da campanha de vacinação para relaxar as restrições do novo confinamento, decretado nesta segunda (4).

O médico Alejandro Cravioto, chefe do grupo consultivo da OMS, disse que as decisões são tomadas em cada país com base em sua situação epidemiológica, o que é esperado. "As evidências para decidir políticas públicas ainda estão se desenvolvendo", afirmou Kate O'brien, também integrante do Sage.

"Com a escassez de imunizantes, é um risco contra outro. Ou somos escrupulosos demais e aplicamos apenas no intervalo testado nos ensaios clínicos, limitando o número de pessoas vacinadas, ou ampliamos um pouco o intervalo para imunizar mais gente, sob dúvida de que isso comprometa a imunidade", disse ela.

De qualquer forma, segundo Kate, o fundamental é que ninguém deixe de tomar a segunda dose.

Os participantes do Sage disseram que, conforme novos dados forem sendo publicados, as recomendações serão ajustadas. No documento concluído nesta terça, o Sage também aponta que há falta de informação sobre o efeito da vacina da Pfizer em gestantes e mulheres que estão amamentando, mas a imunização é recomendada quando elas estão expostas a risco alto (caso de profissionais que atuam na linha de frente, por exemplo).

Como não há evidências de que o imunizante impeça a transmissão do coronavírus, o Sage também não recomenda por enquanto que a vacinação seja pré-requisito para viagens, a não ser que eles sejam de um dos outros grupos de risco.

Cravioto pediu aos desenvolvedores da vacina que façam mais ensaios para responder a atuais lacunas de informação. Além do impacto sobre a transmissão, falta estabelecer a duração da proteção, seu efeito sobre as variantes de coronavírus recém-descritas no Reino Unido e na África do Sul (que se propagam mais rapidamente), o efeito em menores de 16 anos e como a vacina interage com outras, como a da gripe, por exemplo.

O grupo deve voltar a se reunir para fazer recomendações específicas quando outros produtos forem aprovados para uso pela OMS. A brasileira Mariângela Simão, responsável pelo setor de autorização de vacinas e medicamentos da organização, disse que o departamento avalia no momento dossiês de dois outros imunizantes e espera que outros três cheguem durante o mês de janeiro, o que elevaria o número de produtos autorizados a partir de fevereiro ou março.

A avaliação da OMS não é necessária para que agências de saúde nacionais aprovem as vacinas, mas permite que fundos da ONU como o Unicef comprem e distribuam os imunizantes. Embora campanhas de vacinação já tenham começado em vários países do mundo, a velocidade tem ficado muito aquém do previsto e há escassez de ampolas e de estrutura para aplicá-las.

Esse foi um dos motivos pelos quais a autoridade de saúde dinamarquesa aprovou um intervalo de seis semanas entre as duas doses. O responsável pela agência, Soren Brostrom, disse que, sempre que possível, porém, deve ser adotado o intervalo de três ou quatro semanas.

A Dinamarca tem planos de aplicar 100 mil doses por dia, mas, na primeira semana, atingiu cerca da metade desse número no total.

A Alemanha e a Bélgica são outros países em que o espaçamento maior entre as doses têm sido cogitado, entre outros motivos por falta de opções aprovadas e por falta de capacidade de fabricação. O Ministério da Saúde alemão pediu ao Instituto Robert Koch, responsável pelo controle de doenças transmissíveis, que estude a possibilidade de adotar a estratégia.

O chefe do comitê de vacinas da Alemanha, Thomas Mertens, disse à mídia alemã que outra opção estudada é usar cada frasco do imunizante para seis doses, em vez das cinco preconizadas pelos fabricantes.

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e maior autoridade no assunto dos EUA, disse à CNN que o país não vai seguir o exemplo britânico de adiar a segunda dose.

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