O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje (10) que está bastante frustrado por ainda não ter feito privatizações. Ele participou da abertura do evento Boas práticas e desafios para a implementação da política de desestatização do Governo Federal, na Controladoria-Geral da União (CGU), em Brasília.
Estou bastante frustrado com o fato de a gente estar aqui há dois anos e não ter conseguido vender uma estatal. Até por isso um dos nossos secretários foi embora. Entrou outro com muita determinação e mais juventude. Quem sabe ele aguenta o tranco e vai conseguir entregar mais. Isso é lamentável, disse, referindo a Salim Mattar que deixou a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercado em agosto e deu lugar a Diogo Mac Cord de Faria.
Guedes disse que a estrutura atual do Estado foi moldada na época do regime militar, com investimentos em infraestrutura, e agora é preciso remodelar o país para uma ordem democrática, com ação descentralizada.
A estrutura do estado foi montada durante um regime politicamente fechado, o regime militar, que desenhou um plano de aprofundamento da infraestrutura. Foi um legado que o regime militar deixou, disse.
Para o ministro, o Estado não está conseguindo atender a sociedade em suas demandas por segurança pública, saúde e saneamento. As empresas estatais, ao longo do tempo, alguns avançaram e outras se perderam. Temos o caso típico de água e saneamento, que agora nós fizemos o marco regulatório, que é um avanço, vai trazer muito recursos para a área, disse.
Guedes acrescentou que não é razoável que o Brasil tenha 100 milhões de pessoas sem esgoto e 35 milhões sem água corrente em casa. Enquanto isso, as tarifas de água e esgoto subiram, os salários do funcionalismo nessas empresas subiu também. A única coisa que caiu foram os investimentos em água e esgoto, argumentou.
Evidentemente quando há uma situação dessas de esgotamento, tem que ir rapidamente em outra direção e nós não temos essa velocidade e isso inclui o nosso governo, disse.
Entretanto, o ministro disse que esse processo de mudança na estrutura do Estado é irreversível. Uma sociedade aberta não quer um Estado com a estrutura atual. O Estado está aparelhado, não está eficiente, não consegue fazer as metas universais de fraternidade pela ineficiência e politização dessas ferramentas, disse.
Guedes afirmou ainda que acordos políticos têm impedido as privatizações. Tem acordo político na Câmara, no Senado, que não deixa privatizar. Precisamos recompor o nosso eixo político para conseguir fazer as privatizações prometidas durante a campanha [da eleição para presidente], disse.
Em outro evento hoje, Guedes afirmou que sua prioridade para 2021 é fazer quatro grandes privatizações: Correios, Eletrobras, Porto de Santos e Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural (PPSA, empresa estatal do pré-sal).
Sobre os programas de transferência de renda durante a pandemia de covid-19, o ministro afirmou que são insustentáveis se mantidos por muito tempo e serão reduzidos com o recuo da doença. Estamos determinados a voltar para nossos programas de ajuste fiscal, afirmou no evento virtual Emerging & Frontier Forum 2020, promovido pela agência Bloomberg.
Guedes disse ainda que se houver segunda onda de contaminações pelo novo coronavírus, o governo manterá programas emergenciais, mas sem excessos. Não usaremos a pandemia como desculpa para fazer um movimento político financeiramente irresponsável, afirmou.
Para o ministro, a doença está em colapso no Brasil, com redução das contaminações, e a economia está em forte processo de recuperação.
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