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Guedes sugere que governadores usariam dinheiro da saúde para 'fazer política'

Guedes sugere que governadores usariam dinheiro da saúde para 'fazer política'

As declarações do Ministro da Economia  foram feitas durante participação em reunião virtual da comissão mista do Congresso de medidas de enfrentamento à pandemia

Publicado em 30 de abril de 2020 às 16:01

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O ministro da Economia, Paulo Guedes, participa do lançamento da nova linha de crédito imobiliário com taxa fixa da Caixa Econômica Federal
O ministro da Economia, Paulo Guedes, participa do lançamento da nova linha de crédito imobiliário com taxa fixa da Caixa Econômica Federal. (Antonio Cruz/Agência Brasil )

O ministro Paulo Guedes (Economia) sugeriu nesta quinta-feira (30) que governadores e prefeitos poderiam usar o dinheiro do socorro da União a estados e municípios para fazer política, em vez de aplicar os recursos em saúde e no combate ao coronavírus.

As declarações foram feitas durante participação do ministro em reunião virtual da comissão mista do Congresso de acompanhamento das medidas de enfrentamento à pandemia.

Aos senadores e deputados Guedes afirmou que o governo federal já transferiu cerca de R$ 90 bilhões a estados e municípios por meio de projetos já aprovados no Congresso.

O ministro afirmou ainda que, com a proposta que está para ser votada no Senado no sábado (2), o valor subiria para cerca de R$ 130 bilhões, com a contrapartida de que governadores e prefeitos congelem reajustes salariais a servidores.

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Guedes defendeu a proposta. "Por isso que não pode ter aumento de salário, nenhum outro uso desses recursos que não seja relacionado ao coronavírus. Senão seria uma covardia contra o povo brasileiro", disse.

"Se aproveitar do momento em que a população brasileira está sendo abatida por um vírus, se aproveitar disso para fazer política, em vez de cuidar da saúde, seria uma traição ao povo brasileiro, inaceitável".

O ministro defendeu ainda que o dinheiro que será transferido para a saúde seja fiscalizado para não ser "desviado para outros usos".

"Nós queremos ser monitorados, nós queremos ser fiscalizados, nós queremos ter certeza de que nós fizemos a nossa parte. Mandamos os recursos", afirmou.

"Se esse dinheiro entrar nos estados e não tiver a fiscalização dos TCEs [tribunais de contas estaduais] para saber se esse dinheiro está indo para o lugar certo, não tiver uma boa execução por prefeitos e governadores, nós gostaríamos que os senhores nos ajudassem a monitorar esses recursos", afirmou.

As afirmações do ministro foram respondidas pela senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que demonstrou insatisfação com a dúvida levantada sobre governadores e prefeitos.

"Eu acho uma agressão o senhor dar a entender que [com] essa ajuda a estados e municípios tem alguém querendo fazer farra eleitoral ou abusar desse recursos", disse.

O tamanho da ajuda da União a estados e municípios é motivo de controvérsia entre Câmara e Senado.

O presidente da primeira casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defende a proposta já aprovada pelos deputados, que incluiria um socorro de R$ 80 bilhões da União para recompor a perda na arrecadação de ICMS (imposto estadual) e ISS (imposto municipal).

O governo descarta essa proposta e começou a articular, junto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), um valor menor, de cerca de R$ 50 bilhões. A expectativa é que os senadores votem o texto no sábado (2).

Ao longo do mês, a negociação em torno do pacote de socorro a estados e municípios gerou atrito entre Executivo e Legislativo.

Fiador da ampliação do socorro, Maia fez críticas ao governo e foi alvo de reclamações de Guedes nos bastidores. A interlocutores, o ministro chegou a afirmar que o deputado, em acordo com governadores, articulava uma proposta inviável para enfraquecer o presidente Jair Bolsonaro.

"Estava havendo uma disputa entre o presidente da Câmara e o presidente da República, um desentendimento comigo, que também fui atacado simplesmente por defender o Tesouro Nacional. Eu não reagi às criticas, não fiz nada, só pedi socorro ao Senado, que agora está fazendo uma correção", disse o ministro nesta quinta.

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