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Hospital investiga reinfecção de vírus em paciente

Hospital investiga reinfecção de vírus em paciente

A paciente voltou a apresentar sintomas da Covid-19 pouco mais de um mês após ter testado positivo em um exame RT-PCR

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 10:02

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Covid-19
Apesar de concluir que o caso "favorece a hipótese de reinfecção", o estudo aponta que é preciso aprofundar ainda mais as pesquisas . (Pixabay)

Uma técnica em enfermagem de 24 anos voltou a apresentar sintomas da Covid-19 pouco mais de um mês após ter testado positivo em um exame RT-PCR, que identificou o Sars-Cov-2 no seu organismo em 13 de maio e, depois, em 27 de junho. A informação foi confirmada pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, por meio de estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da USP, que afirma que "a reinfecção e o adoecimento em mais de uma ocasião são eventos possíveis".

A paciente começou a apresentar os primeiros sintomas da doença em 6 de maio, dois dias após ter entrado em contato com um colega de trabalho que testou positivo para a Covid-19. Mesmo usando máscara cirúrgica, ela contraiu o coronavírus e sentiu dores de cabeça, mal-estar, febre, fraqueza muscular, leve dor de garganta e congestão nasal.

Os sintomas foram concluídos em dez dias e a paciente passou os 38 seguintes assintomática, trabalhando normalmente. Em 27 de junho, ela acordou com forte dor de cabeça, dor muscular, mal-estar, febre, dor de garganta, perda de olfato e de paladar e, nos dias seguintes, seu quadro clínico piorou, apresentando diarreia e tosse. Nesse período, dois familiares também foram diagnosticados com o coronavírus.

Já no quinto dia em que os sintomas voltaram a aparecer, a paciente foi novamente diagnosticada com o vírus por meio de um novo exame RT-PCR. "O presente caso apresenta forte evidência não somente de reinfecção por SARS-CoV-2, como de recidiva clínica da Covid-19", afirma a pesquisa.

Apesar de concluir que o caso "favorece a hipótese de reinfecção", o estudo aponta que é preciso aprofundar ainda mais as pesquisas. "Essa constatação traz implicações clínicas e epidemiológicas que precisam ser analisadas com cuidado pelas autoridades em saúde."

Confira a entrevista com Fernando Bellissimo-Rodrigues, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos responsáveis pelo estudo.

Podemos afirmar que a pessoa infectada pela Covid-19, mesmo depois de curada, continua como um vetor de transmissão?

  • No caso dela, não podemos falar isso porque os familiares que estavam confinados com ela tiveram os sintomas antes de ela apresentar a segunda infecção. Então, é possível e provável que ela é quem tenha contraído de um deles.

E como podemos afirmar que o vírus não estava adormecido, mas foi contraído novamente?

  • Não podemos afirmar que isso não tenha ocorrido, mas nos parece improvável que ela tenha ficado assintomática e depois o vírus tenha sido reativado, porque ela se "reexpôs" a uma pessoa confinada e comprovadamente positiva. Ela teve um fator provocador, isso aumenta a probabilidade de ter havido uma reinfecção e não uma reativação de uma infecção anterior.

Já é possível estabelecer um fator determinante para que uma pessoa seja mais suscetível à reinfecção do que outra?

  • Ainda é muito cedo para afirmarmos isso, já que só temos dois casos assim na literatura até o momento, o outro em Boston. Após a divulgação do estudo, tem chegado ao nosso conhecimento outros casos que seriam semelhantes e a USP está investigando, dois em São Paulo e um de Araraquara. Só então poderíamos atualizar os dados e compará-los, para analisarmos a sorologia dos paciente. Mas por enquanto é muito cedo para afirmar isso.

Esse caso pode comprometer a ideia da "imunização de rebanho" para a Covid-19?

  • Não, ela continua uma possibilidade. Muito provavelmente esse é um caso raríssimo. A gente ainda acredita que a maior parcela de pessoas que contrai o vírus desenvolve a imunidade, só não sabemos quanto tempo ela dura. Se não houvesse a imunidade de rebanho, veríamos uma situação epidemiológica muito mais catastrófica do que a que temos agora. Se o que aconteceu com ela fosse comum, milhares de outros casos teriam sido notificados no mundo. A maior importância desse fato é tentar entender por que isso aconteceu e por que a imunidade dela não respondeu adequadamente da primeira vez, o que poderia nos ajudar a prepararmos melhor uma vacina, que não precise de duas doses e tenha mais possibilidade de fixação.

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