A hostilidade ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e à família dele na sexta-feira (14) por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália, se soma a outros episódios contra membros da mais alta corte do país.
Nos últimos anos, magistrados foram alvo especialmente de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), que também adotou comportamento agressivo contra integrantes do STF quando estava na Presidência.
Barroso em Miami
O ministro Luís Roberto Barroso foi xingado enquanto passava pelo aeroporto de Miami, na Flórida, nos Estados Unidos, em janeiro deste ano. Ele recebeu vaias enquanto esperava em um guichê.
No voo, ele ouviu mais vaias e pedidos para que saísse do voo. Barroso não reagiu de imediato, mas depois afirmou que os ataques ocorriam por "uma mistura de ódio, ignorância, espírito antidemocrático e falta de educação".
Lewandowski hostilizado em Brasília
O então ministro Ricardo Lewandowski, agora aposentado da corte, foi xingado, em março deste ano, por uma passageira ao chegar em Brasília.
Ela passou a hostilizar o magistrado durante o desembarque de um voo vindo de São Paulo e gritou que o jurista iria "para o inferno". Lewandowski ouviu os xingamentos de longe e não os respondeu. A tripulação do voo advertiu a passageira e a orientou para o desembarque.
Xingamentos em Nova York
Membros da Suprema Corte brasileira foram xingados em Nova York, nos Estados Unidos, onde estavam para participar de um evento do grupo Lide, em novembro de 2022. Também foi hostilizado o ex-presidente Michel Temer (MDB), presente na conferência.
Um grupo de apoiadores de Bolsonaro passou a hostilizar os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso nos momentos em que circulavam pela cidade e saíam de restaurantes e hotéis.
Foi neste contexto que Barroso disse a expressão "perdeu, mané, não amola", em resposta a um dos manifestantes.
A perseguição às autoridades começou a ser orquestrada quando o endereço do hotel onde estavam hospedados foi compartilhado em canais de comunicação bolsonaristas.
Cerco a Barroso em restaurante
Um grupo de bolsonaristas cercou um restaurante e a casa em que Barroso estava hospedado, em viagem a Santa Catarina, em 3 de novembro do ano passado.
O ministro precisou sair escoltado do restaurante em Porto Belo, no litoral catarinense. Os manifestantes o chamaram de "lixo", "ladrão" e "vagabundo", além de dizerem que "supremo é o povo" e "eleição não se ganha, se toma".
Moraes insultado em clube
Em setembro de 2021, um agente publicitário foi levado à delegacia por insultar Alexandre de Moraes no Clube Pinheiros, na capital paulista. O ministro é sócio do clube e mora perto do local.
Segundo o boletim de ocorrência, feito pelo agente de segurança da escolta do membro do Supremo, o agente publicitário chamou o ministro de "careca ladrão", "advogado do PCC" e "careca filha da puta". A expressão "vamos fechar o STF" também foi dita, segundo o documento.
Ainda segundo o documento policial, os dois vigilantes comunicaram o policial da escolta de Moraes sobre "indivíduos embriagados" que estavam "proferindo ameaças e injúrias" ao ministro naquela noite.
Gilmar Mendes hostilizado em voo
Em janeiro de 2018, ainda no clima de tensão política com a possível prisão de Lula e com a Operação Lava Jato na ativa, o ministro Gilmar Mendes foi hostilizado por passageiros em voo de Brasília a Cuiabá.
"O STF não presta para nada. Tem que fechar aquilo lá", diziam os passageiros, referindo-se ao magistrado como "vergonha para o país", "vergonha para a família brasileira" e utilizando termos como "cagão". Gilmar não reagiu às provocações.
Em julho do mesmo ano, o magistrado foi novamente hostilizado, desta vez, durante uma caminhada em Lisboa, em Portugal. Ele foi reconhecido por um brasileiro na cidade, que afirmou ter saído do Brasil porque o país estava "um lixo" e atribuía a culpa ao ministro. Gilmar também não respondeu.
Em outubro passado, Gilmar foi novamente alvo de xingamentos em voo comercial. Além de palavras em favor de Bolsonaro, passageiros reclamaram da prioridade dada ao ministro no embarque.
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