O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lançou nesta quinta (9) pesquisa para identificar os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre as empresas brasileiras. A ideia é saber impactos nas vendas, capacidade de pagamentos e número de empregados, entre outros, para ajudar na formulação de políticas para minimizar o problema.
Os primeiros resultados serão divulgados na próxima quinta (16), com um retrato das mudanças entre a quinzena anterior ao início do surto e esta semana. A amostra da pesquisa, batizada de "Pulso Empresa", é formada por cerca de duas mil empresas em todas as regiões brasileiras.
Em entrevista nesta quinta, o diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios-Neto, disse que o objetivo é "medir a pressão, medir o pulso" das empresas brasileiras. A princípio, a pesquisa terá cinco rodadas, mas o trabalho pode ser estendido ou até modificado dependendo duração da crise.
Após o início da pandemia, o IBGE já lançou uma pesquisa específica sobre os efeitos no emprego e na saúde dos brasileiros, chamada de Pnad Covid, que usa metodologia semelhante à da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar), que investiga o mercado de trabalho no país.
O levantamento apontou, por exemplo, que em maio 19 milhões de brasileiros estavam afastados do trabalho devido à pandemia. Entre eles, 9,7 milhões de brasileiros empregados ficaram sem remuneração naquele mês. Mostrou também que os impactos são mais fortes entre pretos, pardos e trabalhadores sem instrução.
A Pnad Covid é semanal, com divulgação todas as sextas. Já a Pulso Empresas será divulgada a cada 15 dias, sempre às quintas. Rios-Neto destacou que, diferentemente de pesquisas econômicas do instituto, que ajudam a compor o PIB (Produto Interno Bruto), 50% da amostra da nova pesquisa é formada por empresas de pequeno porte.
São empresas dos setores de indústria, construção, comércio e serviços. Os dois primeiros terão resultados agregados. No comércio, que mostrou sinais de recuperação em maio após tombo recorde em abril, o resultado será aberto por atacado, varejo e comércio de veículos e autopeças.
Já nos serviços, que também tiveram recuo recorde em abril, o detalhamento será maior: serviços prestados às famílias; serviços de informação e comunicação; serviços profissionais, administrativos e complementares; serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio; e outros serviços.
"É um produto experimental, ainda em fase de testes e avaliação", disse o coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas, do IBGE, Flávio Magheli. O questionário é inspirado em pesquisas internacionais e em levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Entre as perguntas feitas aos entrevistados, o IBGE quer saber quantas empresas fecharam as portas, quais os efeitos nas vendas e no acesso a insumos, se há dificuldade de realizar pagamentos de salários e fornecedores, se houve variação no quadro de pessoal e se as empresas contaram com apoio do governo.
"Queremos identificar empresas que não conseguiram sobreviver à pandemia, ter uma uma noção de taxa de mortalidade", disse o coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE, Alessandro Pinheiro. "[Entre as que sobreviveram], boa parte delas está se levantando, mais ainda está apoiada nas cordas. Então vamos estudar como estão se comportando."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta