Municípios de três regiões de Santa Catarina registraram uma chuva com cor diferente da habitual, nesta quinta-feira (17). Mais escura, a água trazia partículas da fumaça dos incêndios que atingem o Pantanal.
A presença da fumaça na região foi detectada a partir de monitoramento por imagens de satélite, realizado pela Defesa Civil de Santa Catarina, nas regiões Oeste, Meio Oeste e no Planalto Norte.
Na Grande Florianópolis, também foi identificada fumaça com características de queima de vegetação.
A Defesa Civil alerta para o fato de que a água pode conter compostos tóxicos e que devem ser adotados cuidados antes que seja utilizada para consumo humano ou de animais.
Entre eles, não captar as primeiras chuvas (captando ao menos 2 mm antes ou até que a cor esteja normalizada), a limpeza de componentes do sistema de captação, como as cisternas, análise dos parâmetros de qualidade, como pH e níveis de agrotóxicos, cobre, zinco, ferro.
Ventos com baixos níveis, que ficam a até 2km de altura, em direção noroeste, são os responsáveis por carregar a fumaça. Ainda segundo a Defesa Civil catarinense, com a passagem da frente fria na região, a tendência é que as partículas se dissipem pelo território do estado.
O mesmo fenômeno já havia sido observado dias antes no Rio Grande do Sul, na região do estado que faz divisa com Santa Catarina e na parte central, e pode se repetir nos próximos dias caso ocorram ventos do chamado quadrante norte, que vêm do Brasil central.
"Se não tem chuva, é aquele céu avermelhado ao final do dia, e a gente consegue ver uma leve fumaça. Mas quando chove, a gente percebe mais, porque a água vem suja, misturada com fuligem e elementos químicos", explica Cátia Valente, meteorologista da Somar Metereologia, no Rio Grande do Sul.
Valente diz ainda que essa não é a primeira vez que o fenômeno ocorre na região. No ano passado, com os incêndios na Austrália, resquícios da fumaça chegaram à fronteira oeste do Rio Grande do Sul, embora A distância percorrida tenha dissipado parte dos elementos, tornando a fuligem menos perceptível.
"A gente está com ventos que vão soprar do sul neste fim de semana, o que ajuda a evitar o problema. Mas, a partir de segunda-feira (21), teremos alguns dias de tempo bem seco e ventos voltando a soprar do norte, então vai existir a possibilidade de se repetir na próxima semana, até que chova na região atingida e dê uma lavada, literalmente, na atmosfera", avalia.
A fumaça das queimadas na região de Mato Grosso fez com que o avião no qual viajava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tivesse que arremeter antes de pousar na cidade de Sinop, nesta sexta (18).
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), setembro de 2020 bateu o recorde histórico de queimadas na região. Até metade desta semana, o Pantanal já registrou 5.603 queimadas, número quase três vezes acima da média para o mês.
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