Com aulas suspensas em escolas públicas e privadas de todo o país devido à pandemia do coronavírus e com o calendário das avaliações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 previsto para os meses de outubro e novembro, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, admitiu que, caso haja razões técnicas, a data da prova poderá ser alterada. "A sociedade fica muito mais prejudicada sem o Enem. A data pode ser mudada lá na frente, mas isso tem que acontecer por questões técnicas", disse.
O presidente do Inep autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC) ressaltou que além de pensar no calendário do ensino médio, é preciso também pensar no do ensino superior. "Se o exame fosse adiado em um mês, o resultado sairia em fevereiro e o Fies só ficaria pronto em abril. O calendário das universidades vai ser modificado dessa forma? E se eu esperar as aulas voltarem para pensar em uma nova data? As universidades vão começar o ano letivo de 2021 em junho, só depois do Fies?", questionou.
Segundo Lopes, quando chegar a data de encerramento das inscrições do Enem, dia 22 de maio, será feito uma análise do cenário atual, já que, se uma etapa do exame atrasar, outras também atrasam. Atualmente, a data do Enem digital está prevista para os dias 11 e 18 de outubro e a aplicação da prova impressa agendada para 1º e 8 de novembro.
Sobre o período para pedidos de isenção de pagamento da taxa, Lopes comentou que surgiram dúvidas se os estudantes conseguiram realizar o ato devido a suspensão das aulas ocasionada pela pandemia do novo coronavírus. Por isso, o edital passou por mudanças e a concessão da gratuidade será dada pelo Inep, sem necessidade de solicitação do participante, durante o período de inscrições.
O presidente do Inep explicou que, aos poucos, as questões serão tratadas. No entanto, indagou o papel dos governos estaduais para garantir a inscrição dos alunos. "Os estados estão fazendo sua parte ou está todo mundo em casa esperando que o Enem seja cancelado?", pronunciou.
Sobre a decisão da Justiça em São Paulo bem como outras ações em curso para que o exame seja adiado, Lopes vê isso com muita naturalidade. "Em um estado democrático, as pessoas têm o direito de acessar o Judiciário", disse. Contudo, perde a oportunidade de ser ouvido. "O que a Justiça decidir, nós cumprimos", concluiu.
Lopes comunicou ainda que a equipe técnica do Inep não teria se posicionado a favor do adiamento do Enem, uma vez que foram realizados vários estudos técnicos, assim como diversos cenários traçados em função das ações judiciais. "Teremos o Encceja, o Enade, o Enem, mas estamos adequando o nosso trabalho à realidade do país e à crise sanitária. O importante é garantir o exame", emitiu.
Ao ser questionado sobre o adiamento de exames nacionais em outros países, Alexandre Lopes afirma que se trata de uma outra realidade, já que a crise no Brasil chegou no início do ano, enquanto em outros países, foi no final do ano letivo. Para ele, é importante observar o mundo, entretanto, o calendário educacional não deve ser definido como na França. "Ninguém sabe como estaremos em 22 de maio (data que marca o fim das inscrições). Vamos avaliar quando chegarmos lá. O aluno tem que estar preparado. Todos estamos sendo afetados, em maior ou menor grau. Todos estão, mesmo os alunos de escolas particulares", finalizou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta