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Inhotim demite 84 pessoas durante pandemia e sua reabertura é incerta

Inhotim demite 84 pessoas durante pandemia e sua reabertura é incerta

A assessoria do Inhotim diz que os desafios enfrentados pela instituição são os mesmos que os de qualquer empresa no cenário da pandemia do coronavírus

Publicado em 10 de agosto de 2020 às 16:44

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Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG)
Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG) já registrou 84 demissões . (Reprodução)

O adiamento da inauguração do pavilhão dedicado à artista japonesa Yayoi Kusama e a suspensão de eventos como o Meca, não foram os únicos efeitos da pandemia do novo coronavírus no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG).

Assim como Masp e Afro Brasil, a instituição registrou 84 demissões entre maio e junho, com cortes em todos os setores, e extinguiu todas as diretorias em caráter temporário para fechar as contas.

Inhotim tem agora 351 funcionários e diz que a preocupação foi manter empregos de baixo salário e proteger vagas no município onde está localizado. Antes das demissões, houve redução de contratos fixos com fornecedores e acordo com o sindicato sobre redução temporária de salários e jornada.

O Senalba-MG, sindicato que representa os funcionários, afirma que não foi comunicado sobre as demissões, alegando que os trabalhadores é que deveriam contatar o sindicato. A reportagem tentou contato com alguns dos funcionários demitidos, mas eles não quiseram falar.

A assessoria do Inhotim diz que os desafios enfrentados pela instituição são os mesmos que os de qualquer empresa no cenário da pandemia e que tem otimizado recursos visando a perenidade do museu nesse período sem bilheteria.

No dia 21 de julho, o diretor-presidente Antônio Grassi e o advogado Rômulo Ferraz participaram de uma reunião com a promotora Andressa Lanchotti, coordenadora do Caoma (Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente) e da força-tarefa responsável pelo caso do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que deixou 259 mortos e ainda tem 11 desaparecidos.

Em suas redes sociais, a promotora do Ministério Público de Minas Gerais, que não quis dar entrevista, escreveu que a reunião tratou das dificuldades financeiras da instituição e que Grassi apresentou preocupações como a possibilidade de demissões de funcionários, muitos deles moradores da região, e o possível fechamento do museu antes do final do ano.

Em nota enviada à reportagem, Grassi negou que exista a possibilidade de um fechamento definitivo do Inhotim, mesmo com a crise aberta pela pandemia - o local nunca havia ficado fechado por tanto tempo.

"Não há possibilidade de fechamento definitivo do Instituto, nosso olhar agora é para o futuro: já estamos trabalhando nos planos de reabertura, avaliando novas possibilidades de interação com o público e comunidade", afirmou ele.

Fechado para vistantes desde o dia 18 de março, além de bilheteria, aluguel de carrinho e eventos, que cobrem 17% das despesas, o Inhotim - uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) - conta com captação de recursos via leis de incentivo, patrocínio direto e aluguel de espaços para se manter. A projeção, segundo o instituto, é que as receitas de 2020 tenha queda entre 50% e 65% com relação a 2019, quando houve ainda o impacto dos efeitos do rompimento da barragem da Vale.

Além de um dos acervos mais relevantes de arte contemporânea do mundo, que inclui artistas como Adriana Varejão, Cildo Meireles e Claudia Andujar, Inhotim tem ainda uma coleção botânica com espécies raras e de todos os continentes.

Atualmente, os 139 funcionários que fazem a manutenção diária do parque e das galerias trabalham com escala reduzida e em esquema de rodízio, usando equipamento de proteção individual, máscaras e com distância mínima de dois metros. Outros 212 estão em trabalho remoto.

O instituto diz que aguarda orientações das autoridades de saúde, mas que espera que a reabertura possa ocorrer ainda antes do final do ano. Entre os projetos planejados para a retomada está a construção do pavilhão dedicado à japonesa Yayoi Kusama, que tem três obras no acervo.

Pela atualização no plano de ondas para orientar a reabertura, divulgada pelo governo Romeu Zema (Novo) em julho, museus estão entre as atividades que podem ser retomadas na última das três fases de flexibilização, a da onda verde.

Brumadinho, que tem 569 casos confirmados e três mortes pelo novo coronavírus, de acordo com o boletim epidemiológico municipal desta segunda-feira (10), não aderiu ao plano Minas Consciente. A reunião do comitê para definir as ondas de cada região do estado, nas novas regras, acontece nesta quarta.

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