O médico Antônio Luiz Macedo, responsável pelo tratamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que voltará ao Brasil nesta segunda-feira (3) para atender o mandatário, que interrompeu as férias após um problema intestinal e está internado em São Paulo desde a madrugada.
"Provavelmente, não será necessário cirurgia", disse à reportagem o médico e cirurgião, que ainda não esteve com o paciente. "O quadro é semelhante ao da última vez", completou, com base nos relatos e resultados de exames que tem recebido.
Macedo afirmou que somente após avaliar Bolsonaro saberá dizer sobre a possibilidade de uma cirurgia, mas afirmou que, até agora, os exames mostram uma situação parecida com a da última internação, em julho do ano passado, quando o procedimento acabou não sendo necessário.
O médico do presidente passava férias nas Bahamas, mas retornará ao Brasil à noite, em avião fretado, segundo ele, pelo Hospital Vila Nova Star, onde o titular do Palácio do Planalto está em observação. A previsão de chegada ao hospital é por volta da 1h desta terça-feira (4).
Bolsonaro, que estava de férias no litoral de Santa Catarina, publicou uma mensagem em suas redes sociais em que disse ter passado mal após o almoço de domingo (2). O mandatário divulgou ainda uma foto no hospital em que aparece com uma sonda nasogástrica.
"Mais exames serão feitos para possível cirurgia de obstrução interna na região abdominal", afirmou o presidente.
O hospital Vila Nova Star, da zona sul da capital paulista, informou que Bolsonaro tem uma condição de saúde "estável", mas que, no momento, não há previsão de alta.
A nota diz que ele "deu entrada na unidade na madrugada desta segunda-feira devido a um quadro de suboclusão intestinal".
O presidente também publicou que está utilizando uma sonda nasogástrica. "É a segunda internação com os mesmos sintomas, como consequência da facada (6.set.18) e quatro grandes cirurgias", afirmou, lembrando a última internação e o histórico de tratamentos.
Em 14 de julho de 2021, em meio ao desgaste do governo diante de acusações de propina na compra de vacinas reveladas na CPI, Bolsonaro foi internado em São Paulo com obstrução no intestino quadro ligado à facada sofrida pelo presidente em 2018.
O presidente teve alta em 18 de julho e não passou por cirurgia.
Na época, a questão médica foi explorada por Bolsonaro e seus filhos nas redes ao resgatarem o atentado e acabou aumentando a popularidade digital do presidente, que estava em baixa em meio à crise na CPI e a protestos da oposição.
Desta vez, apoiadores e familiares de Bolsonaro também passaram a lembrar a tentativa de homicídio.
"Agradeço as orações e as mensagens de carinho recebidas pela internação do Jair decorrente do atentado que sofreu em 2018. Sequela que levaremos para o resto de nossas vidas", publicou a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Macedo foi um dos médicos que operaram Bolsonaro após a facada de 2018 e, desde então, acompanha a saúde do presidente.
Médicos do hospital avaliaram inicialmente que a condição parece ser menos séria do que a de vezes anteriores em que o presidente foi internado, mas vão aguardar o parecer de Macedo para decidir se alguma cirurgia será necessária.
A equipe médica suspeita que a obstrução intestinal, com retenção de líquido na cavidade intestinal, seja resultado de má alimentação, não por excesso ou falta de atividades físicas.
O presidente sentiu dores abdominais em Santa Catarina, levando à antecipação do fim da folga. A expectativa era que ele continuasse no litoral catarinense até esta segunda, quando embarcou de madrugada em direção a São Paulo ao lado de familiares e da comitiva.
"É a segunda internação com os mesmos sintomas, como consequência da facada e quatro grandes cirurgias", afirmou o presidente.
A manhã foi tranquila em frente ao hospital em São Paulo, com a presença apenas de jornalistas. Apoiadores ou detratores do presidente não estiveram no local.
Em julho do ano passado, Bolsonaro ficou internado durante cinco dias, também com quadro de obstrução intestinal, mas não foi necessário submetê-lo a uma cirurgia. O tratamento clínico, com alimentação especial e retirada de líquido com sonda, foi suficiente para resolver o problema.
As chances de que casos simples se resolvam apenas com o tratamento clínico costumam ser grandes, com possibilidade de 80% de sucesso. A definição sobre os procedimentos que serão adotados com Bolsonaro ainda dependerá da avaliação nas próximas horas.
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