A partir de uma base de dados com cerca de 60 milhões de dispositivos móveis de todo o Brasil, uma empresa de segurança da informação e antifraude criou um índice de isolamento social. A ferramenta permite mapear a movimentação de pessoas dia a dia, o que pode ajudar na elaboração de ações preventivas de combate a pandemia do novo coronavírus.
A média nacional do índice aponta para um crescimento da taxa de isolamento dos brasileiros a partir do dia 14 de março, quando autoridades públicas passaram a tomar medidas de restrição para prevenir a expansão da doença pelo país.
O maior percentual de aparelhos em casa no mês de fevereiro, por exemplo, foi de 37,9%, no feriado de Carnaval (25/02). O índice chegou ao maior patamar, de 69,9%, no último dia 22 de março, já com os incentivos ao isolamento social.
O último registro da empresa é desta quinta-feira (2), quando a média nacional foi de 58,9%. Os menores percentuais foram dos estados de Tocantins (51,2%) e Roraima (53,1%). Já Goiás (65%), Pernambuco (60,9%) e Rio Grande do Sul (60,9%) tinham as maiores taxas de aparelhos em casa.
A In Loco, empresa responsável pela ferramenta, fechou parcerias com os governos de seis estados (Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas, Alagoas, Pará e Paraíba), e com a prefeitura do Recife. O governo do Mato Grosso do Sul também divulgou nesta quinta-feira (2) que vai utilizar as estatísticas, disponibilizadas gratuitamente. Os dados estão disponíveis no site https://www.inloco.com.br/pt/.
A ideia é que os órgãos públicos utilizem as informações para trabalhar em ações direcionadas, como enviar carros de som para alertar a população de determinada localidade sobre a importância do distanciamento social e orientar para as medidas de higiene de combate ao novo coronavírus.
Segundo a In Loco, a tecnologia respeita a privacidade de dados do usuário, pois não são coletadas informações pessoais e não é possível identificar diretamente os usuários dos aparelhos mapeados. O único dado captado e analisado é a localização e os relatórios gerados e enviados a órgãos públicos contêm apenas informações cartográficas e estatísticas.
Publicamente, a empresa se comprometeu em excluir os dados após o término da pandemia.
A In Loco afirma que a tecnologia é 30 vezes mais precisa do que o GPS e se baseia num software integrado a aplicativos de parceiros da empresa, utilizado para segurança, autenticação e contagem de visitas a estabelecimentos.
As informações são criptografadas e agregadas por bairro. São então transformadas em estatísticas de movimentação do grupo de pessoas naquela localidade. Assim, quanto maior o número de indivíduos entrando ou saindo de determinada região, mais baixo o isolamento.
A tecnologia permite também enviar alertas para as pessoas via aplicativos do governo, como os de transporte público, por exemplo. Nesse caso, o usuário vai receber uma mensagem informando que o dado será utilizado exclusivamente para o combate à disseminação do novo coronavírus e terá a opção de compartilhar ou não a localização.
A In Loco pretende criar outras ferramentas de enfrentamento ao novo coronavírus, como um mapeamento de aglomerações para direcionar medidas de dispersão. Segundo a empresa, por meio dos aparelhos, já é possível identificar um grande número de pessoas reunidas em determinada localização.
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