> >
Itamaraty marca concurso para diplomata em meio a pior momento da pandemia

Itamaraty marca concurso para diplomata em meio a pior momento da pandemia

Prova em agosto foi suspensa após questionamento do Ministério Público Federal; avaliação é prevista para 11 de abril em 26 capitais e no Distrito Federal

Publicado em 8 de março de 2021 às 15:28- Atualizado há 4 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em Brasília
Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em Brasília. (Reprodução/Divulgação)

Enquanto o Brasil observa um novo aumento no número de casos e mortes por coronavírus, o Itamaraty anunciou nova data para o concurso de admissão à carreira de diplomata, previsto para 11 de abril em 26 capitais e no Distrito Federal.

O edital foi publicado em 18 de fevereiro, no Diário Oficial da União, e ratifica um primeiro documento, de 29 de junho do ano passado, que anunciava a prova para agosto. Naquele momento, o Brasil vivia seu primeiro pico da pandemia e registrava média móvel de 33,4 mil infecções e 1.006 mortes diárias, segundo dados do Our World in Data.

A realização do exame, no entanto, foi questionada pelo Ministério Público Federal. Manifestações apresentadas ao órgão levaram à apuração de irregularidades na realização da prova –que acabou suspensa– durante a crise sanitária.

No documento sigiloso, obtido pelo jornal Folha de S.Paulo, enviado à época ao Instituto Rio Branco e ao Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades), responsável pela aplicação da prova, o MPF recomendava a prorrogação da data "até que a situação da crise sanitária provocada pela Covid-19 esteja minimamente controlada no país".

Hoje, o Brasil enfrenta seu pior momento da pandemia. A média móvel de mortes bateu recorde pelo nono dia seguido, com 1.497 óbitos neste domingo (7), segundo o consórcio de imprensa formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1.

Com 79.237 casos nas últimas 24 horas, o país somou 11.018.557 de infecções e 265.500 mortes desde o início da pandemia. A situação é crítica em todas as regiões do país e há até mesmo colapsos em alguns locais. Os níveis de ocupação de UTIs estão acima de 90% em diversas capitais.

Além disso, a vacinação segue em ritmo lento e já enfrentou desafios como falta de insumos, tentativa frustrada de importação e até mesmo rejeição pelo governo de 70 milhões de doses do imunizante produzido pela Pfizer.

A reedição do edital não traz novidades quanto a medidas de prevenção da Covid-19, mantendo o texto anterior em que o Iades se responsabiliza por medidas preventivas, como o uso de máscaras e outros equipamentos de proteção individual por colaboradores e candidatos, disponibilização de álcool em gel nas salas e em pontos de circulação e triagem rápida na entrada dos candidatos.

A chamada também prevê a "desinfecção constante de superfícies mais tocadas, como corrimãos e maçanetas", distanciamento mínimo de 1 metro entre os candidatos, entrega e coleta de todos os materiais de prova em envelopes individuais e rígido processo de controle para uso dos banheiros, "evitando o uso simultâneo e incentivando a prática da higiene e a devida assepsia".

Assim como no edital de junho, há a promessa de publicação de um comunicado em 30 de março com "instruções, procedimentos e protocolos que serão adotados no dia da realização das provas em função da Covid-19". Segundo relatado à reportagem já há novas representações no MPF questionando a realização da prova.

No ano passado, procuradores recomendaram o adiamento argumentando que a realização do concurso no auge da pandemia naquela época excluiria os candidatos com sintomas de Covid-19 ou em período de isolamento, violando o princípio constitucional de ampla acessibilidade aos cargos públicos.

Além disso, descumpriria o princípio de isonomia ao não levar em consideração que a situação do coronavírus varia de estado para estado. "A imposição dessa data da prova aos candidatos, na situação atual, submete-os à necessidade de escolher entre deixar de seguir as normas que determinam o isolamento em caso de contágio ou contato e o distanciamento social em qualquer caso, e renunciar ao direito de participar do concurso público", dizia o documento.

No texto, o MPF afirmou ainda que, "instado a apresentar informações, o Instituto Rio Branco não apresentou nenhuma razão de interesse público que justificasse a necessidade de realização imediata da primeira fase do concurso, ou que indicasse a inviabilidade de sua postergação".

O jornal Folha de S.Paulo procurou o Itamaraty para responder sobre a decisão de realizar a prova novamente, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais