Jair Renan Bolsonaro, filho 04 do presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (7) sobre as suspeitas de tráfico de influência e lavagem de dinheiro, no inquérito que investiga os negócios de sua empresa e o pagamento de suposta propina por empresários, entre eles do grupo capixaba Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, em troca de aproximação com o governo federal.
Ele permaneceu na superintendência da corporação em Brasília por mais de cinco horas.
Antes do compromisso com os investigadores, em entrevista ao SBT, ele negou as acusações de recebimento de propina e de defender interesses empresariais junto ao governo.
"Eu me sinto revoltado com tudo isso que tá acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro, e estão tentando me incriminar numa coisa que não fiz", afirmou o filho 04 do presidente.
Renan chegou à PF às 16h, acompanhado do advogado Frederick Wassef. Os dois passaram a pé pelo portão de acesso ao prédio da corporação.
Não havia escolta do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), responsável pela segurança da família presidencial.
Wassef orientou seu cliente a não conversar com a imprensa e disse que o rapaz é a "maior vítima do Brasil de fake news". Afirmou que a PF abriu um inquérito a pedido de representantes da oposição com base em mentiras.
"Renan Bolsonaro jamais marcou reunião ou atuou no governo, não recebeu carro, não recebeu dinheiro. São fake news, e o objetivo disso é atacar a imagem do presidente Jair Bolsonaro", disse o advogado.
Em dezembro do ano passado, Renan havia faltado ao seu depoimento à polícia alegando problema de saúde.
A apuração foi aberta pela PF em março do ano passado, após um pedido do Ministério Público Federal, que avaliou denúncias feitas por parlamentares da oposição ao governo contra a suposta atuação de Renan em favor de empresários.
Empresas do Espírito Santo doaram um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil para um projeto parceiro da empresa de Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia.
A Bolsonaro Jr e o projeto MOB, de propriedade do ex-personal trainer de Renan, Allan Lucena, inauguraram em outubro de 2020 o empreendimento Camarote 311, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
O veículo foi doado pelos grupos WK, de propriedade de Wellington Leite, e Gramazini Granitos e Mármores Thomazini. Ambos tiveram suas logomarcas impressas na decoração da parede de entrada do escritório de Renan, junto com outras empresas que apoiaram a iniciativa empresarial.
Como revelou a Folha, Wellington Leite, do grupo WK, foi recebido por Bolsonaro no Palácio do Planalto. O empresário divulgou foto do encontro com Bolsonaro em suas redes sociais no dia 21 de março do ano passado, data de aniversário do chefe do Executivo.
"Parabéns meu querido presidente por completar mais um ano de vida, que Deus possa te abençoar poderosamente e lhe dê cada vez mais saúde, força e sabedoria para conduzir essa nação", disse.
Leite também esteve na inauguração do Camarote 311. Ele apareceu entre Renan e Allan em um vídeo do evento.
O empresário não deu detalhes sobre a cessão do carro elétrico. "Foi cedido para o projeto social MOB, mas parece que [o projeto] não foi adiante e o mesmo foi devolvido", afirmou.
Representantes da Gramazini Granitos também conseguiram um encontro com uma autoridade do governo federal. Foram recebidos pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, no dia 13 de novembro de 2020, em encontro agendado pelo assessor especial da Presidência Joel Fonseca.
Na ocasião, foi apresentado ao ministro um projeto de casas populares desenvolvido em parceria com o WK.
Renan foi ao Espírito Santo conhecer o projeto. O encontro foi publicado nas redes sociais de Leite, com fotos de Renan e Allan. Em algumas das imagens, os dois apareceram ao lado da filha do empresário.
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