SÃO PAULO - O cassino online conhecido como "Jogo do Tigrinho" não escolhe idade, classe social ou endereço de suas vítimas. A afirmação é de um dos delegados responsáveis por investigações relativas ao jogo no Estado de São Paulo.
A apuração comandada pelo Deic (Departamento de Investigações Criminais) da Polícia Civil já encontrou idosos, jovens, pobres e ricos entre os lesados pela organização criminosa por trás do caça-níquel.
O jogo funciona assim: o jogador faz uma aposta e aciona a roleta em busca de uma sequência de figuras repetidas para obter valores em dinheiro. A polícia afirma que trata-se de jogo de azar, uma vez que o ganho depende exclusivamente de uma suposta sorte do apostador.
Cerca de 500 boletins de ocorrência já foram registrados no Estado com menção ao jogo desde o ano passado, mas a polícia diz acreditar que o número de vítimas seja maior.
Entre os alvos da Polícia Civil estão influenciadores digitais com milhares de seguidores, que usam da fama para atrair potenciais vítimas.
"Essas plataformas procuram por esses influenciadores; esses influenciadores firmam uma parceria com as plataformas do jogo e vão divulgando esse jogo nos perfis deles", disse o delegado Eduardo Miraldi.
"Ele [influenciador] geralmente faz um post dizendo que está ganhando valores exorbitantes. É mentira. E redireciona a pessoa para o site do jogo de azar, onde é preciso fazer um cadastro. Ele paga para realizar esse cadastro, geralmente R$ 10, R$ 20 só para fazer o cadastro, e a partir daí passa a poder jogar", explica.
Alguns influenciadores contratados pelas plataformas já foram ouvidos pela polícia e alguns chegaram a ter o celular apreendido e enviado para perícia, afirma o delegado. O objetivo é extrair informações que possam auxiliar a investigação a localizar os golpistas. Outros influenciadores tiveram seus perfis suspensos nas redes sociais, por determinação judicial.
"Eles divulgam o jogo, e o jogo é uma contravenção penal. Então existe uma associação criminosa, e o influenciador faz parte dessa associação", afirma Miraldi.
De acordo com o delegado, as apostas são pagas por meio de cartão de crédito ou via Pix.
Em um dos casos a vítima teve um prejuízo de cerca de R$ 200 mil, conta o delegado. "Tem pessoas que acabam se afundando em dívidas por causa do jogo. Tem quem perdeu mil reais, dois mil, tem vítima que perdeu 30 mil e tem vítima que perdeu 200 mil", conta.
"Elas geralmente perdem o dinheiro [apostado] e daí, com o intuito de tentar recuperar esse valor, investem novamente e perdem novamente. E assim vai."
O delegado afirma que os golpistas são pessoas envolvidas com jogos de azar e que ainda não é possível dizer se facções criminosas estariam envolvidas.
"Geralmente essas plataformas, esses jogos, não estão hospedados no Brasil, estão fora do Brasil. Por isso a nossa dificuldade em conseguir que esse site saia do ar. Mesmo tendo uma decisão judicial nesse sentido, é difícil fazer com que seja cumprida", conclui Miraldi.
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