A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), que participou de ato de filiação junto ao PSDB no início do mês, minimiza o fato de sua inscrição não ter sido oficializada. O caso tem sido citado por tucanos que se opõem à entrada da parlamentar na sigla para invalidar a adesão.
"Não muda absolutamente nada", diz Joice, que aguarda a confirmação pela Justiça da fusão entre DEM e PSL, legenda pela qual se elegeu em 2018, para mudar de partido sem correr risco de perder seu mandato na Câmara.
"Muito antes de eu assinar a minha ficha de filiação, eu já estava trabalhando como tucana dentro do PSDB e dentro do governo de São Paulo, junto com o governador João Doria [PSDB] e com os secretários dele", segue a parlamentar. "Estou assumidamente tucana. E, burocraticamente, isso vai entrar no sistema assim que houver a fusão. Simples assim."
Já o tucano histórico Tião Farias, que tem contestado a inexistência da filiação de Joice, não acha o cenário assim tão descomplicado e afirma que a parlamentar realizou uma "uma filiação clandestina".
"Essa mulher representa tudo o que a gente abomina. Eu não sei o que está por trás disso. É uma filiação em que quem anuncia é o filiado, não o partido. E pior: tem a presença do governador [João Doria], que participa de uma farsa dessas, além do presidente estadual e municipal [do PSDB]. É um deboche, [estão] filiando uma pessoa que não tem nada a ver com a gente", diz Tião.
O tucano, que é ex-presidente do diretório municipal do PSDB em São Paulo e ex-secretário de Mario Covas (1930-2001), chegou a apresentar um pedido de impugnação da filiação de Joice -que foi indeferido pelo partido em razão da inexistência de registro.
Farias ainda contesta o fato de Joice estar sendo reconhecida como tucana mesmo antes de mudar de partido. "Se ela está no PSL, não pode usar o nome do PSDB. Isso é falsidade ideológica", afirma.
Ex-bolsonarista, Joice Hasselmann teve mais de 1 milhão de votos em 2018 e foi a segunda deputada federal de São Paulo mais votada, atrás apenas de Eduardo Bolsonaro (PSL).
Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, a direção do PSL já se movimenta para pedir o mandato de Joice Hasselmann na Justiça. O presidente do partido, Luciano Bivar, chegou a chamar sua filiação de "fake".
"A filiação dela aconteceu sem o desligamento devido do partido. Não houve uma expulsão, não houve uma desfiliação, não houve nenhum movimento neste sentido. É natural que o partido [peça o mandato], assim como outros tantos que efetuarem esse mesmo movimento serão vítimas de um processo de perda de mandato", afirmou o vice-presidente do PSL, deputado Junior Bozzella (SP).
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