O médico e deputado estadual José Sarto (PDT) será o novo prefeito de Fortaleza pelos próximos quatro anos. Com 99,96% das urnas apuradas na capital do Ceará até as 19h08 deste domingo (29), Sarto registrou 51,69% dos votos válidos e superou o deputado federal Capitão Wagner (Pros).
A vitória de Sarto representa o sucesso de uma ampla frente que se formou em torno do candidato neste segundo turno, com o apoio de partidos que que vão da esquerda de PT e PSOL até a centro-direita de DEM e PSDB. Também consolida uma hegemonia do PDT em Fortaleza, que parte para o seu terceiro mandato consecutivo na capital cearense.
Com sete mandatos seguidos como deputado estadual no Ceará, Sarto exercerá um cargo eletivo no poder Executivo pela primeira vez. Ele foi escolhido como candidato pelo PDT após uma série de debates com outros quatro pré-candidatos. Não havia um nome de consenso, e a decisão por Sarto foi por ele ser mais conhecido da população.
Sarto entrou na campanha com apoio do prefeito Roberto Cláudio, que é bem avaliado e serviu como seu principal cabo-eleitoral na cidade. Também teve o apoio dos ex-governadores Cid e Ciro Gomes, que tiveram presença tímida na campanha.
Neste segundo turno, Sarto recebeu o reforço do governador Camilo Santana (PT), que antes havia ficado publicamente neutro por causa da candidatura da ex-prefeita Luiziane Lins (PT), que terminou em terceiro lugar. A derrota de Capitão Wagner, por outro lado, representa mais um revés para o presidente Jair Bolsonaro, que apoiou o candidato desde o primeiro turno.
O apoio do presidente a Capitão Wagner esteve no centro do debate no segundo turno Fortaleza. O candidato José Sarto e aliados como os ex-governadores Cid e Ciro Gomes buscaram associar Wagner ao presidente, transformando a eleição na capital em uma espécie de cruzada contra o bolsonarismo.
Capitão Wagner, por outro lado, tentou se desvincular de Bolsonaro, tentando se afirmar como um candidato moderado e fazendo acenos até para os eleitores petistas, ao fazer elogios à ex-prefeita Luizianne Lins.
Ao ser questionado sobre o presidente, Capitão Wagner afirma que não tem padrinho político e construiu a sua vida pública com independência.
A uma semana do 2º turno, entretanto, ele deu uma guinada e passou a falar que seria importante uma parceria com Bolsonaro. No último debate realizado, na sexta (27) pela TV Verdes Mares, retransmissora da Globo no Ceará, chegou a citar ideologia de genêro nas escolas, pauta comum do bolsonarismo.
Essa foi a segunda derrota consecutiva dele para a Prefeitura de Fortaleza. Ex-policial, Wagner ganhou notoriedade ao ser um dos líderes do motim de policiais militares no Ceará em 2011. Em 2012 foi eleito vereador da capital, em 2014 chegou à Assembleia Legislativa do Ceará e em 2018 a Brasília como deputado federal.
No início da campanha, tentou ampliar o alcance de sua candidatura em temas distintos ao da segurança pública, sua especialidade, mas o assunto acabou sendo foco antes do primeiro turno por causa do mais recente motim de policiais, o de fevereiro de 2020.
Desde o primeiro turno, o governador Camilo Santana (PT) fez duras críticas a Capitão Wagner, a quem acusou de liderar uma nova greve de policiais no Ceará que aconteceu no ano passado.
Wagner, por outro lado, nega ter atuado como líder do motim e afirma que atuou como negociador para encerrar o movimento grevista. Para reforçar esse argumento, levou ao ar um vídeo com um depoimento de Sergio Moro, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
No vídeo, Moro não declara apoio ao candidato, mas afirma que Wagner não liderou o motim e pediu ajuda ao Ministério da Justiça por uma solução rápida para encerrar o movimento grevista.
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