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Jovens que trabalham fora são os mais afetados pela Covid em São Paulo

Jovens que trabalham fora são os mais afetados pela Covid em São Paulo

O inquérito aponta trabalhar fora e a flexibilização da quarentena como os principais fatores que justificam a prevalência de casos entre a população de 18 a 34 anos

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 15:14

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Movimento no Viaduto do Chá em São Paulo durante a quarentena
Movimento no Viaduto do Chá em São Paulo durante a quarentena. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

A quarta fase do inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de São Paulo aponta que 10,9% dos moradores maiores de 18 anos da cidade têm anticorpos do novo coronavírus no organismo, o que representa 1,3 milhão de pessoas. Segundo o levantamento, pessoas que trabalham fora têm três vezes mais chances de contrair a covid-19 em relação às que estão em home office.

Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (13) pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em coletiva de imprensa. A etapa anterior do inquérito, que é quinzenal, apontava a contaminação de 11,1% dos moradores. Como o intervalo de confiança é de 1,7%, a gestão municipal interpreta que os dados mostram uma estabilidade da doença na capital.

Para Covas, o resultado significa uma estabilidade mesmo com os dois meses de reabertura gradual de comércios e serviços, como shoppings, bares e restaurantes. Segundo balanço da Prefeitura de quarta-feira (12), a cidade tem 258.481 casos confirmados da doença, número que é cinco vezes menor do que o estimado pelo inquérito.

A contaminação é prevalente entre as pessoas que estão saindo de casa para trabalhar (18,5%), índice que é três vezes menor em comparação a quem está em home office (6,2%). O valor também é alto entre desempregados (12,7%). "Isso revela que provavelmente quem trabalha fora se expõe e quem é desempregado sai em busca de trabalho", comentou Edjane Torreão, secretária-adjunta de Saúde.

O inquérito aponta trabalhar fora e a flexibilização da quarentena como os principais fatores que justificam a prevalência de casos entre a população de 18 a 34 anos, que têm 2,6 mais risco de contrair a doença que a idosa. "É a principal faixa etária que tem saído de casa para trabalhar", destacou Covas.

O comparativo também mostra que a prevalência é três vezes maior entre aqueles que têm ensino médio completo em comparação aos que cursaram o ensino superior. Além disso, pessoas das classes D e E têm três vezes mais chance de ter a doença do que as das classes A e B. Já quem mora sozinho ou com mais uma pessoa tem chance de 40% a 60% menor de ter covid-19 em relação aos demais perfis de domicílio.

De acordo com a Prefeitura, o exame sorológico usado na pesquisa avalia a presença de anticorpos para a covid-19 em moradores sorteados aleatoriamente a partir da base de dados do IPTU de 2020, dos hidrômetros de 2017 e do programa Estratégia Saúde da Família (ESF). São selecionados 12 indivíduos com mais de 18 anos para cada área de abrangências das 472 UBS da cidade. A amostra é coletada em domicílio. Ao todo, foram sorteados 5.760 domicílios, nos quais foram feitas 2.532 coletas até 6 de agosto

A prevalência dos casos foi na população de 18 a 34 anos, que representa 17,7% do total, seguida da que tem de 35 a 49 anos, com 10,6%, e a de mais de 65 anos, com 6,8%. Na fase anterior, a prevalência foi entre idosos, o que gerou preocupação e ações da Prefeitura, mas a nova hipótese é que "possivelmente" ocorreu um desvio no levantamento anterior, que teria feito mais coletas entre pessoas da terceira idade.

Segundo o levantamento, os principais fatores associados à doença seguem relacionados à pobreza e vulnerabilidade social, como baixa escolaridade, menor renda e maior número de moradores em um mesmo domicílio. A prevalência é em pessoas com o ensino médio completo (15,3%), pardas ou pretas (14,8%), da classe D e E (14,3%), que moram com ao menos outros quatro indivíduos (12%) e que não fazem distanciamento social (13,5%).

"Afeta mais população com menores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e a população preta e parda da cidade", destacou Covas.

Além disso, constatou-se que 42,5% são assintomáticos, enquanto 57,5% apresentaram sintomas da covid-19. Entre as regiões da cidade, os casos são mais comuns na zona sul, com 14,7% da população, seguida das zonas sudeste, 11,9%, leste, 11,5%, norte, 7,9%, e centro-oeste, 4,9%.

Ao todo, o inquérito sorológico terá 9 fases (da fase 0 até a 8), realizadas a cada 15 dias, sempre com o mesmo número de indivíduos sorteados. Em paralelo, também é realizado um inquérito específico para crianças e adolescentes.

SEM DATA DE VOLTA ÀS AULAS EM SÃO PAULO

Na coletiva, o prefeito voltou a declarar que a cidade ainda não tem data definida para a reabertura das escolas, tanto privadas quanto públicas. Segundo ele, mais de 500 instituições educacionais estão em reforma para se preparar para a reabertura

Covas destacou que a retomada ocorrerá apenas após recomendação da Vigilância Sanitária. Pelo Plano São Paulo, criado pelo Governo do Estado, o município estaria apto a reabrir as escolas para atividades não obrigatórias em setembro.

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