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Justiça pede que CBF explique ausência da camisa 24 na Copa América

Justiça pede que CBF explique ausência da camisa 24 na Copa América

Liminar dá 48 horas para que confederação responda à perguntas feitas por grupo LGBTQIA+; número no país está ligado ao jogo do bicho, no qual representa o veado, animal usado de forma pejorativa

Publicado em 30 de junho de 2021 às 18:58

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Brasil enfrentou a Colômbia no estádio Nilton Santos pela Copa América nesta quarta-feira (23)
A decisão do juiz Ricardo Cyfer, assinada na última terça-feira (29), também estipulou multa de R$ 800 por dia caso a ordem não seja atendida pela confederação. (Paulo Souza)

A Justiça do Rio de Janeiro deu 48 horas para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) explicar o motivo de nenhum jogador brasileiro utilizar a camisa de número 24 na Copa América.

A decisão do juiz Ricardo Cyfer, assinada na última terça-feira (29), também estipulou multa de R$ 800 por dia caso a ordem não seja atendida pela confederação. A liminar judicial foi revelada inicialmente pelo Globo, mas a reportagem também teve acesso ao documento.

A ação foi protocolada pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT e questiona quem são os responsáveis pela escolha dos números e se existe alguma norma, seja da CBF ou de confederações superiores (Fifa ou Conmebol) que oriente sobre o uso ou não do número 24.

"O que se pretende saber é se foi uma ação deliberada, uma política institucional ou uma decisão tomada de forma isolada por alguma pessoa. A motivação deste momento é apurar uma dúvida para termos uma certeza", diz Carlos Nicodemos, advogado do grupo NN - Advogados Associados e representante do Arco-Íris na ação.

O UOL Esporte mostrou que a seleção brasileira é a única do torneio a não utilizar o número 24 em suas camisas.

Antes, em 2020, levantamento do jornal Folha de S.Paulo mostrou que a camisa 24 é quatro vezes mais comum no futebol do exterior que no futebol brasileiro.

O número 24 no Brasil está ligado ao jogo do bicho, no qual representa o veado, animal usado de forma pejorativa para ofender homossexuais no país.

Ao levantar as camisas utilizadas no futebol do Brasil, é possível observar um apagão do número em comparação aos outros entre o 21 e o 29. Nas principais ligas do futebol do exterior, no entanto, não é vista diferença significativa.

Isso indica que não é apenas uma questão de ser um número mais alto que os normalmente usados (de 1 a 11).

"É a tradução daquilo que a gente denomina como uma discriminação estrutural de um modelo de sociedade que precisa ser superado", opina Nicodemos.

Na última segunda-feira (28) foi comemorado o dia do orgulho LGBT. Por isso, diversos clubes brasileiros se manifestaram em prol da igualdade e da diversidade, com destaque para Vasco e Fluminense.

"Estampar o número 24, na conjuntura em que vivemos, no contexto em que vivemos, na semana em que se comemora o orgulho LGBTQIA+ significa uma ação afirmativa, uma postura proativa de exibir o número para afirmar uma cultura de tolerância, uma cultura de inclusão por parte das instituições", completa o advogado.

No futebol, a campanha "Pede a 24" tenta incentivar que o número seja usado pelos clubes.

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