No dia em que o Brasil atingiu a marca de 200 mil mortos pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse lamentar os óbitos, mas que "a vida continua". O mandatário usou pouco mais de um minuto para comentar a marca, em uma live nas redes sociais que superou uma hora de duração.
"A gente lamenta hoje, estamos batendo 200 mil mortes. Muitas dessas mortes com Covid, outras de Covid, não temos uma linha de corte no tocante a isso aí. Mas a vida continua. A gente lamenta profundamente, estou preocupado com minha mãe que tem 93 anos de idade. Se contrair o vírus, [ela] vai ter dificuldade pela sua idade, mas temos que enfrentar isso aí", disse o presidente.
"Não adianta apenas continuar aquela velha história de 'fica em casa que a economia a gente vê depois'. Isso não vai dar certo, vai ser um caos no Brasil, pode levar a condições mais dramáticas ainda do que as consequências do vírus. Não podemos nos transformar num país de pobres, um pais de desempregados, sem PIB [Produto Interno Bruto], endividado. Um país tão rico como o nosso com a população sendo empobrecida por decisões de alguns. Lamentamos as mortes, a vida continua. E pedimos a Deus que abençoe e nosso Brasil e abençoe o mundo, que afinal de contas somos filhos dele", concluiu.
A primeira morte por Covid no Brasil foi registrada em 16 de março. O Brasil é o segundo país do mundo com mais óbitos em números absolutos, atrás apenas dos EUA. E, assim como lá, a condução do combate à pandemia no Brasil rendeu e continua a render críticas.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem criticado ações de governadores e prefeitos para garantir isolamento social e diminuir a circulação do vírus.
Ele tem se queixado que essas medidas prejudicam a economia e advogou por políticas que tinham pouco respaldo na comunidade científica, entre elas o isolamento apenas de pessoas de grupos de risco e uso de medicamentos sem comprovação científica, como a hidroxicloroquina.
Na mesma live, o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) defendeu que clínicas privadas possam comprar vacinas contra o coronavírus no mercado internacional. Ele ressaltou, no entanto, que a aquisição por entidades particulares de imunizantes deve ocorrer depois que a demanda do SUS (Sistema Único de Saúde) seja atendida.
"Eu acho que a primeira coisa é ter a pró-atividade do governo e do Ministério [da Saúde] em complementar e completar a nossa demanda de vacinas para o SUS. Isso são as nossa fábricas, a grande capacidade de compra vem do que será fabricado no Brasil. Uma vez atendida essa demanda -o SUS sendo atendido- sim, claro que não há [impedimento] e deve ser comprado também pela iniciava privada", afirmou.
Ele destacou que os laboratórios privados possam importar vacinas para posteriormente vendê-las. "Mas lembro que pelo outro lado temos que ter muita capacidade de suprir o SUS e deixar nossa população com as vacinas disponíveis da forma mais rápida possível", acrescentou.
Bolsonaro endossou a fala do ministro. "Então a gente não vai criar problema no tocante a isso daí. Quem quiser... Se uma empresa quiser comprar lá fora a vacina e vender aqui, quem tiver recursos vai tomar vacina lá. Agora nós vamos oferecer de forma universal, e da nossa parte não obrigatória", disse.
Pazuello também afirmou que a previsão do governo é que 50% do público alvo da campanha de vacinação do governo esteja imunizada até junho, sendo que o restante deve ser vacinado até o final do ano. Haverá ainda uma margem que pode se estender por mais quatro meses, na previsão do governo.
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