A CPI da Covid não consegue contato com o lobista Marconny Albernaz de Faria, que deveria prestar depoimento nesta quinta-feira (2). A cúpula da comissão então acionou a polícia legislativa para que seja realizada a condução sob vara do depoente e, em caso de não o encontrarem, podem entrar na justiça para pedir sua prisão preventiva.
Ao chegar para a sessão, o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a polícia legislativa já foi acionada para colocar em prática a condução sob vara, instrumento jurídico semelhante à condução coercitiva, mas que é prerrogativa de uma comissão parlamentar de inquérito. Segundo o senador, não é necessária autorização judicial.
Randolfe também disse que vai encaminhar para a CPI um pedido de requisição para a justiça de 1ª instância de prisão preventiva, caso Marconny não seja localizado. Também afirmou que vai pedir a notificação da Interpol, pois desconfia que ele possa ter deixado o país.
"Se ele não for localizado, então ele passa a ser foragido", afirmou Randolfe.
Marconny é apontado como lobista da Precisa Medicamentos e de outras empresas. Ele aparece em diálogos tratando da venda de testes para detectar a Covid-19.
O advogado de Marconny, William de Araújo Falcomer, que também não foi localizado pela CPI, auxiliou na abertura do registro da empresa de Jair Renan Bolsonaro, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, conforme revelou a Folha nesta quarta-feira.A ajuda foi dada após Marconny solicitar ao advogado que recebesse o filho do presidente para ele o auxiliasse.
As informações constam de conversas no WhatsApp obtidas pela Folha entre o lobista e Renan, após quebra judicial de sigilo do lobista a pedido do Ministério Público Federal do Pará, e de análise de documentos da Receita Federal.Os diálogos foram enviados à CPI pela Procuradoria, depois que os investigadores daquele estado, que apuravam a influência do lobista em uma indicação para órgão público, viram que Marconny havia sido citado nas negociações da Precisa Medicamentos.
Marconny chegou a enviar um atestado médico para a comissão, alegando que estava com dores pélvicas. O documento previa um afastamento das suas atividades por até 20 dias.
A cúpula da comissão desconfiou da versão.
"Se um trabalhador brasileiro tiver o que o doutor Marconny teve, duvido ele conseguir 20 dias para ficar em casa com uma dor pélvica", afirmou o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).
Randolfe depois informou que manteve contato com o médico, que levantou dúvidas sobre a real situação do paciente, e por isso o depoimento foi confirmado para esta quinta-feira.
"O médico que concedeu o atestado do senhor Marconny Faria, entrou em contato conosco e disse que foi ele que concedeu o atestado, mas que notou uma simulação por parte do paciente e que deseja cancelar o mesmo. Com isso, amanhã receberemos o Sr. Marconny na CPI da Covid", escreveu em suas redes sociais.
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