A reconciliação entre o ex-presidente Lula e o pedetista Ciro Gomes, em setembro deste ano, passa ao largo de uma possível chapa para a disputa da Presidência em 2022. "Nós não poderíamos conversar isso porque se a gente sentasse para conversar isso, a gente não teria sentado", afirmou Lula em entrevista coletiva à imprensa após votar na Escola Estadual José Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo. Ele chegou ao local às 8h05 deste domingo (15).
"O que é preciso estabelecer entre nós é que nós temos o direito de sermos adversários. As pessoas se esquecem que em 2016 o [petista Fernando] Haddad não foi para o segundo turno, porque nós tivemos companheiras como a Marta [Suplicy], que foi candidata e tirou 10% do voto, nós tivemos a Luiza Erundina, que foi candidata e tirou outro percentual de voto de Haddad", afirmou Lula sobre a derrota do ex-prefeito para João Doria (PSDB), em primeiro turno.
Questionado se a fragmentação de votos à esquerda não estaria se repetindo neste ano na capital paulista, em que apoiadores do segundo colocado nas pesquisas, Guilherme Boulos (PSOL), tentam atrair votos do candidato petista, Jilmar Tatto (PT), Lula afirmou ser "normal que os partidos lancem candidatos".
"Quando chegar 2022, o PT tem muitos candidatos. É normal que Ciro queira ser presidente da República, é normal que o [governador do Maranhão] Flávio Dino queira ser, é normal que a Globo esteja procurando o [apresentador Luciano] Huck tentando juntar ele com o [ex-ministro Sergio] Moro. Tudo isso é normal", disse.
Afastados desde as eleições de 2018, quando fracassou a tentativa de acordo eleitoral, Ciro e Lula falaram, em setembro deste ano, da necessidade de união da esquerda após a vitória do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O ex-presidente repetiu a mensagem neste domingo de eleições.
"A gente pode ter adversidade, a gente pode ter pontos de vista divergentes, mas o que nós precisamos é adotar uma política de respeito mútuo entre os partidos, entre as pessoas do partido, para que a gente possa trabalhar de forma que um candidato progressista de esquerda possa ganhar as eleições de 2022".
Lula ainda celebrou o fato de ter comparecido à urna neste ano. "A última vez que eu votei foi em 2016, não me deixaram votar em 2018, então eu tô aqui com muito orgulho cumprindo o meu dever de cidadão brasileiro, votando naquele que foi o melhor prefeito da história de São Bernardo do Campo", disse em aceno ao ex-prefeito e candidato petista no município, Luiz Marinho.
Ele se diz confiante em uma recuperação eleitoral do Partido Trabalhadores neste ano, massivamente derrotado no pleito municipal em 2016. "Acho que nós vamos recuperar muitas das cidades que nós tínhamos perdido e vamos ganhar outras cidades novas", afirmou.
O ex-presidente atribui ao otimismo o legado do partido e a campanha baseada em oposição ao governo Bolsonaro, o qual classificou como "o maior desastre político da história desse país". "Somente os fanáticos é que podem achar que o Bolsonaro faz alguma coisa de útil para esse país. O Bolsonaro destrói. Destrói costume, destrói cultura e destrói a economia. Nós nunca tivemos tanto desemprego como nós temos hoje, nunca tivemos tantas incertezas como nós temos hoje. O Brasil nunca esteve tão desmoralizado aos olhos do mundo como nós estamos hoje. Ninguém acredita nesse país", disse.
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