O ex-presidente Lula (PT) afirmou nesta terça-feira (19) que o novo coronavírus tem como impacto positivo o enfraquecimento de teses defendidas por adeptos à agenda do liberalismo econômico - teoria que tem como pilar a interferência quase nula do Estado na economia de uma nação. O ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Paulo Guedes, tem alinhamento com essa doutrina.
Em entrevista por videochamada para a revista Carta Capital, Lula disse que "ainda bem" que o "monstro" do coronavírus surgiu, demonstrando a necessidade da presença do Estado. O Brasil ultrapassou a marca de mil mortes diárias pela Covid-19 neste terça.
"O que eu vejo? Quando eu vejo os discursos dessas pessoas, quando eu vejo essas pessoas acharem bonito que 'tem que vender tudo o que é público', que 'o público não presta nada', ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises. Essa crise do coronavírus, somente o Estado pode resolver isso, como foi a crise de 2008", afirmou Lula, se referindo à crise financeira global daquele ano.
O ex-presidente ainda citou o ex-presidente dos EUA Franklin Roosvelt, que comandou o país entre 1933 e 1945 - período em que ocorreu a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945).
"Você acha que ele [Roosevelt] estava preocupado com orçamento da União? Com déficit fiscal? Se o Tesouro ia falir ou não? Ele tinha que construir armas para vencer a guerra."
"Na guerra contra o coronavírus, eles não cumprem sequer a promessa de dar R$ 600 reais para as pessoas ficarem em casa e se protegerem", completou Lula, comparando o presidente dos EUA daquela época com Bolsonaro.
Ainda na entrevista, Lula disse que, nas eleições de 2022, terá 77 anos e "não tem por que ser candidato a presidente", porque já esteve nesse papel. No entanto, destacou que quer atuar politicamente para "não deixar o país voltar a ter um presidente da 'qualidade' do Bolsonaro".
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