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Lula defende agro forte 'para causar raiva' em quem critica carne brasileira

Lula defende agro forte 'para causar raiva' em quem critica carne brasileira

Presidente acrescentou que pretende ainda neste ano assinar o acordo entre o Mercosul e a União e a União Europeia, independentemente da resistência apresentada: a "França não apita nada", afirmou

Publicado em 27 de novembro de 2024 às 15:32

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu nesta quarta-feira (27) a crítica de um deputado francês, que comparou a carne brasileira a "lixo". Disse querer que o agronegócio continue crescendo para "causar raiva" em quem faz essas críticas.

Acrescentou que pretende ainda neste ano assinar o acordo entre o Mercosul e a União e a União Europeia, independentemente da resistência apresentada: a "França não apita nada", afirmou, em referência a declarações recentes do presidente Emmanuel Macron contra a assinatura.

O presidente Lula, acompanhado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e de diversas autoridades, participa de reunião com governadores de estado sobre segurança pública. No palácio do Planalto
Falas de Lula acontecem em meio à controvérsia envolvendo a rede de supermercado francesa Carrefour, que anunciou que deixaria de comprar carnes brasileiras. (Pedro Ladeira/Folhapress)

Lula participou da abertura do encontro nacional da indústria, em Brasília.

"Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que hoje achincalhou os produtos brasileiros, porque vamos fazer o acordo do Mercosul nem tanto pela questão dinheiro. Vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso", afirmou.

"E, se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia e a [presidente da Comissão] Ursula Von der Leyen tem procuração para fazer o acordo. E eu pretendo assinar esse acordo neste ano ainda."

A fala de Lula acontece em meio à controvérsia envolvendo a rede de supermercado francesa Carrefour, que anunciou que deixaria de comprar carnes brasileiras.

Nesta terça-feira, durante sessão da Assembleia Nacional Francesa que aprovou um veto simbólico ao acordo com o Mercosul, vários parlamentares criticaram produtos do Brasil.

"Nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo", discursou o deputado Vincent Trébuchet (partido UDR, de direita).

Antoine Vermorel-Marques (Republicanos, direita) comparou a tradicional vaca charolesa francesa, "rústica e maternal", com a mesma raça bovina criada na América do Sul.

"Aglutinada em fazendas de 10 mil cabeças, engordada, condenada aos ferros, comendo soja transgênica, em um hectare onde antes havia a floresta amazônica, abatida sem dó nem piedade e empacotada em um cargueiro refrigerado. Seu destino? Nossas mesas, nossas cantinas, vendida a metade do preço, financiada ao custo da nossa saúde, alimentada com um pesticida proibido na Europa, que fragiliza a gravidez e ataca a saúde dos recém-nascidos", disse Vermorel-Marques.

Relação pragmática com os EUA

O presidente também disse que pretende manter os laços econômicos com os Estados Unidos, mesmo durante a presidência de Donald Trump, mais extremista e próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse que vai manter um pragmatismo, assim como teve boas relações com outros presidentes americanos.

No entanto, acrescentou que, naquilo que houver divergência, vai "trancar a cara".

"Nós é que temos que acreditar em nós. Eu quero fazer tudo isso sem brigar com os Estados Unidos. Eu não quero saber se o presidente é o Trump, Biden, Obama. Eu quero saber o seguinte, o Brasil tem interesses soberanos, eles têm interesses soberanos e os nossos interesses têm que convergir. Naquilo que houver tiver diferença, a gente tranca a cara e não faz negócio", afirmou o mandatário.

Lula na sequência criticou que o investimento americano no Brasil estava em queda e que só ganhou novo impulso quando esse espaço passou a ser ocupado pela China.

Em outro momento, Lula também voltou a criticar a taxa de juros básica brasileira, acrescentando que não explicação para estar no patamar atual.

"Qual é a explicação de a taxa de juros estar do jeito que está hoje? Estamos com a inflação controlada, a economia está crescendo, [estamos com] o menor nível de desemprego desde 2012", acrescentou.

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