O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste sábado (21) que está aberto a conversar com qualquer pessoa que aceite encontrá-lo, incluindo Ciro Gomes (PDT), seu possível adversário na eleição presidencial de 2022. Lula visitou o Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana de Fortaleza. O Ceará é o reduto eleitoral de Ciro.
Nos últimos meses, o pedetista tem feito críticas a Lula e tentado se firmar como uma terceira contra Jair Bolsonaro (sem partido) e PT.
"Minha mãe me dizia para não brigar, por isso se um não quer, dois não brigam. Estou aberto a conversar com quem quiser falar comigo. Respeito muito o Ciro, mas entendo que meus adversários me critiquem. Se ele for na televisão e falar bem, eu ganho a eleição", disse Lula.
O Ceará é o quarto estado do Nordeste que o ex-presidente visita nesta semana -antes passou por Pernambuco, Piauí e Maranhão. Lula voltou a frisar que ainda não decidiu se será candidato a presidente em 2022 e que a ideia de viajar o Brasil é conversar com vários segmentos justamente para tomar uma decisão. Ele visitou o Complexo Portuário do Pecém acompanhado do governador do Ceará, Camilo Santana (PT).
"Não gosto quando falam que eu e Bolsonaro somos polarizados. Quem fala isso mente. Eu tenho uma história, meu governo foi democrático. Temos que em 2022 nos unir para tirar isso aí que foi eleito em 2018 [Bolsonaro], essa anomalia, vencer o fascismo. Se eu não for candidato, votarei em qualquer um que for contra o Bolsonaro no segundo turno" disse Lula.
Lula recebeu de Camilo Santana um capacete elmo, equipamento criado no Ceará e que ajuda na recuperação de pacientes internados por Covid-19. Lula perguntou se o governador havia levado o capacete ao Ministério da Saúde e Camilo respondeu que sim. "Mas Bolsonaro não deve ter visto", disse o ex-presidente.
No Ceará, como fez em outros estados do Nordeste já visitados nesta semana, Lula tenta articular o possível palanque para a eleição de 2022. O cenário cearense, por ser a base eleitoral de Ciro Gomes, é um nó que o ex-presidente precisa desatar.
Passa, principalmente, pela definição da candidatura do governador Camilo Santana ao Senado -ele pode ser o principal cabo eleitoral de Lula no estado.
"Não conversei ainda com o Camilo sobre isso, mas ele está com uma cara de Senador", disse Lula.
O problema é que Camilo é próximo a Ciro Gomes -a vice governadora, Izolda Cela, é do PDT e assumirá o governo caso Camilo deixe o cargo para concorrer ao Senado. Na eleição de 2018, Camilo se dividiu no primeiro turno entre os palanques dos presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes.
O PT não tem um nome forte para a sucessão de Camilo, e apesar de parte da direção do partido no Ceará defender que a legenda tenha um candidato para disputar o Palácio da Abolição, tudo dependerá de como Lula vai amarrar os apoios com partidos aliados.
O ex-senador Eunício Oliveira, presidente do MDB no Estado, se encontrará com Lula na segunda-feira (23). Aliado de longa data do petista, e desafeto de Ciro Gomes, Eunício pode concorrer a algum cargo com a bênção de Lula.
"Eunício foi meu ministro das Comunicações, teve mandato de deputado, de senador. Não vou me meter nas alianças, mas é importante ter Eunício no Congresso Nacional".
Pelo PDT, o nome mais forte para concorrer ao governo é o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. A oposição deve ter o deputado federal Capitão Wagner (Pros) como principal concorrente.
Neste sábado (21), Lula ainda se encontra com representantes de movimentos sociais e influenciadores digitais cearenses, no hotel em que está hospedado em Fortaleza.
Na segunda-feira, a agenda prevê, além da reunião com Eunício Oliveira, conversas com líderes de alguns outros partidos, como PSOL, PSB e PC do B. Depois ele viaja para o Rio Grande do Norte.
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