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Lula diz que Bolsonaro trata as Forças Armadas como ‘objeto’

Lula diz que Bolsonaro trata as Forças Armadas como ‘objeto’

Em convenção do PSB que confirmou Alckmin como vice em sua chapa na disputa presidencial, petista rebate ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral: "Não podemos nos render a esse fanfarrão"

Publicado em 29 de julho de 2022 às 20:00

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BRASÍLIA - Oficializada a chapa composta por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), nesta sexta-feiura (29), na disputa pela presidência da República, o petista pregou a união de diversas forças políticas no enfrentamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem acusou de tratar as Forças Armadas como “objeto”. “Não podemos nos render a esse fanfarrão”, disse Lula, na mesma linha adotada por Alckmin, que cobrou punição ao presidente “pela farsa” de ataques ao sistema eleitoral.

Lula destacou que nunca teve problemas com as Forças Armadas e afirmou que Exército, Marinha e Aeronáutica têm seus papéis definidos na Constituição. A convenção nacional do PSB foi realizada em Brasília com a participação dos demais partidos que compõem a coligação: PCdoB e PV, que fecharam uma federação com os petistas, Solidariedade, Rede e PSOL.

Lula e Alckmin na convenção do PSB que oficializou o ex-governador de SP como vice na chapa do ex-presidente
Lula e Alckmin na convenção do PSB que oficializou o ex-governador de SP como vice na chapa do ex-presidente . (Ton Molina / Fotoarena / Folhapress)

Em seu discurso, durante a convenção,  Lula afirmou que o manifesto de entidades empresariais e sociedade civil em favor da democracia é um recado claro da população de que Bolsonaro não deve temer a urna eletrônica, mas, sim, o povo brasileiro.

Nos discursos, Lula tem afastado a possibilidade de haver um golpe contra a democracia por parte de Bolsonaro após as eleições. Na fala desta sexta (29), o petista voltou a dizer que "ninguém acredita mais nos rompantes do presidente que governa este País".

Divulgada na terça-feira (26), a Carta em Defesa da Democracia uniu signatários de diferentes linhas políticas pela preservação do Estado Democrático de Direito no País. O documento foi organizado na Faculdade de Direito da USP como resposta aos ataques promovidos por Bolsonaro contra o processo eleitoral brasileiro.

Além dessa carta, outro manifesto está sendo preparado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), intitulado "Em Defesa da Democracia e da Justiça".

Lula utilizou um trocadilho para prometer, num eventual terceiro mandato no comando do País, que não faltarão "lula" e "chuchu" a ninguém. São referências a ele próprio e ao apelido "picolé de chuchu" dado por Paulo Maluf ao ex-governador e agora vice de sua chapa, Geraldo Alckmin (PSB).

"Por conta do Alckmin, estou comendo muita salada de chuchu", declarou Lula. O ex-presidente brincou ainda que muita gente vai aprender a "cozinhar lula" em seu eventual governo e disse que, assim, vai acabar com a fome no País. Em crítica velada ao aumento da inflação no governo Bolsonaro, o petista afirmou que não pode oferecer "lula" a Alckmin porque o fruto do mar está muito caro.

O ex-presidente também disse que a aliança em torno dele e de Alckmin é a mais importante já feita entre partidos democráticos. O ex-governador de São Paulo integrou o PSDB por 33 anos. Após atritos internos, o agora ex-tucano deixou no ano passado o partido que ajudou a fundar. Neste ano, filiou-se ao PSB para formar a aliança com Lula. De perfil conservador e adversário do PT por décadas, Alckmin decidiu se juntar aos petistas para tentar derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).

ALCKMIN MANDA RECADO A BOLSONARO

Na convenção, Geraldo Alckmin fez diversas críticas a Bolsonaro, a quem se referiu como responsável por causar mal ao País. "Seu tempo acabou, suas mentiras não mais se sustentam", disse.

Em referência às tentativas de Bolsonaro de descredibilizar as urnas eletrônicas e atacar as instituições brasileiras, o ex-governador afirmou que "é hora de darmos um basta" às ameaças à democracia.

"Quem alega fraude tem de provar e quem não prova tem de ser punido pela farsa de acusar. Não vamos cair no jogo da mentira, não vamos nos render às manhas de um presidente que não quer voltar para casa", disse. "É hora de Bolsonaro ir embora, seu tempo acabou, suas ideias e seus conceitos não servem ao país, suas mentiras não mais se sustentam, seu plano ardiloso contra democracia fracassou e as urnas vão livrar o Brasil de todo mal que ele causou", continuou.

Na seara econômica, Alckmin afirmou que, na contramão do crescimento e desenvolvimento do País, o governo Bolsonaro gerou mais inflação, deteriorou relações internacionais e aumentou a fome e a pobreza.

"As despesas públicas aumentaram, os impostos continuam altos, o real desvalorizou, o meio ambiente está exposto à devastação. E o que aconteceu em troca? Mais crescimento, desenvolvimento? Nada disso", disse. "Oportunidades desperdiçadas, chances perdidas, agressões estúpidas e inconsequentes a países parceiros, erros nas relações diplomáticas que só causaram prejuízo ao Brasil. E a pobreza agravada pela inflação, a fome voltou e o sofrimento do nosso povo só se agravou".

Alckmin atacou também o discurso do presidente em prol dos costumes e da família brasileira. "Bolsonaro se vangloria de defender os valores da família, mas, de verdade, ninguém fez mais para arruinar a estabilidade da vida familiar neste País do que o seu próprio governo", criticou.

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