O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a governadores nesta segunda-feira (9) que os militantes golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF), não tinham uma pauta de reivindicações e que apenas queriam um "golpe". Ele enfatizou que o objetivo é chegar em quem financiou a permanência dessas pessoas nos quartéis por todo o Brasil e nos atos realizados no domingo (8).
"O que vimos ontem (domingo) foi coisa que já estava prevista, isso tinha sido anunciado há algum tempo. Eles não tinham pauta de reivindicação. Eles queriam golpe e golpe não vai ter. Queremos saber quem pagou para as pessoas ficarem tanto tempo na frente dos quartéis. Não vamos ser autoritários com ninguém. Também não vamos ser mornos com ninguém. Vamos investigar e chegar em quem financiou. Essa quantidade de ônibus não veio de graça”, afirmou o presidente.
Lula recebeu os chefes dos Executivos estaduais — entre eles, o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB) — para uma reunião no Palácio do Planalto, um dia após militantes golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentarem as forças de segurança e invadirem as sedes dos Três Poderes, deixando um rastro de destruição e vandalismo.
No domingo (8), militantes golpistas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em um violento ato de ataque contra as instituições democráticas. Eles invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula optou por despachar do Palácio do Planalto nesta segunda-feira (9), mesmo com o prédio ainda destruído e passando por trabalho de limpeza e vistoria.
Vieram a Brasília para participar da reunião os governadores ou representantes de todos os 27 Estados brasileiros, incluindo os chefes dos Executivos estaduais mais próximos ao ex-presidente Bolsonaro, como o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).
Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), apenas não compareceram e, portanto, enviaram representantes os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que passou por cirurgia; o de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), que está licenciado; além de Gladson Cameli (PP), do Acre, e Mauro Mendes (União), do Mato Grosso.
A reunião também contou com a participação da presidente do STF, ministra Rosa Weber, e outros três ministros da Corte, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado em exercício, Veneziano do Rêgo (MDB-PB). O procurador-geral da República, Augusto Aras, também estava presente, assim como representantes da Frente Nacional de Prefeitos.
A presidente do STF, Rosa Weber, disse que a Corte foi “duramente atacada” e agradeceu pela união "em torno do Brasil que todos queremos, que é um Brasil de paz, um Brasil fraterno".
"Na verdade, eu estou aqui em nome do STF agradecendo a iniciativa dos governadores e das governadoras de testemunharem a unidade nacional de um Brasil que todos nós queremos no sentido da defesa da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito", disse.
A magistrada também relatou a situação da sede do tribunal.
"O nosso prédio histórico no seu interior foi praticamente destruído, em especial o nosso plenário. Esta simbologia a mim entristeceu de uma maneira enorme, mas eu quero assegurar a todos que vamos reconstruí-lo e que no dia 1 de fevereiro daremos início ao ano Judiciário como se impõe: Poder Judiciário independente e o STF como guardião da nossa Constituição".
Helder Barbalho classificou os atos de "terrorismo" e "tentativa de golpe de Estado". "Uma causa que nos une, a democracia. Não estamos aqui para defender ideias ou pensamentos de esquerda, de direita, mas para que acima de tudo possamos defender a democracia do país, para que possamos defender as instituições do país".
Aliado de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas afirmou que a democracia sairá mais forte e será reconstruída após os ataques dos militantes golpistas bolsonaristas. Por outro lado, afirmou que “a pacificação demanda gestos de todos” os Poderes e entes federados.
"Estou muito feliz de estar participando dessa reunião e enaltecer a capacidade de diálogo. Peço a Deus que nos proporcione sabedoria para que a gente promova a pacificação, lembrando que a pacificação demanda gestos, gestos de todos, do Judiciário, do Legislativo, do Executivo, gestos dos Estados", afirmou o governador de São Paulo.
"A gente tem que aprender a construir gestos para que a gente possa ter desenvolvimento, dignidade, que só serão alcançados por meio do diálogo", completou.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), que assumiu após o afastamento de Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que um novo ato como o de domingo (8) não vai se repetir.
Celina também defendeu Ibaneis. Disse que ele é um "democrata" e que havia recebido informações "equivocadas" e por isso as forças de segurança não conseguiram controlar a situação.
Após a reunião, Lula seguiu com os governadores e os chefes dos demais Poderes, ministros e outras autoridades em direção à sede do Supremo, para que todos pudessem ver de perto a destruição do Plenário da Corte após os ataques dos criminosos no domingo (8).
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), ressaltou o simbolismo dessa caminhada em defesa da democracia.
“Aqui a gente pôde observar de perto como que as pessoas que invadiram vieram preparadas para destruir e literalmente destruíram fisicamente o Supremo, assim como fizeram no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional. O mais importante é que a parte física a gente recupera e a democracia ficou cada vez mais como um conceito e um valor fundamental para a população brasileira”, frisou Casagrande.
Com informações da Agência Folhapress
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