> >
Lula diz que manifestantes queriam golpe e que vai chegar em quem financiou

Lula diz que manifestantes queriam golpe e que vai chegar em quem financiou

Representante dos 26 Estados e do Distrito Federal, de entidades de prefeitos e dos três Poderes se reuniram e ainda fizeram uma caminhada do Palácio do Planalto ao STF na noite desta segunda-feira (9)

Ednalva Andrade

Repórter / eandrade@redegazeta.com.br

Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 22:21

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva caminha com governadores em direção ao STF após reunião em Brasília
Lula caminha com governadores em direção ao STF após reunião em Brasília Crédito: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a governadores nesta segunda-feira (9) que os militantes golpistas que invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília (DF), não tinham uma pauta de reivindicações e que apenas queriam um "golpe". Ele enfatizou que o objetivo é chegar em quem financiou a permanência dessas pessoas nos quartéis por todo o Brasil e nos atos realizados no domingo (8).

Lula recebeu os chefes dos Executivos estaduais — entre eles, o governador do Estado, Renato Casagrande (PSB) — para uma reunião no Palácio do Planalto, um dia após militantes golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrentarem as forças de segurança e invadirem as sedes dos Três Poderes, deixando um rastro de destruição e vandalismo.

No domingo (8), militantes golpistas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em um violento ato de ataque contra as instituições democráticas. Eles invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula optou por despachar do Palácio do Planalto nesta segunda-feira (9), mesmo com o prédio ainda destruído e passando por trabalho de limpeza e vistoria.

Vieram a Brasília para participar da reunião os governadores ou representantes de todos os 27 Estados brasileiros, incluindo os chefes dos Executivos estaduais mais próximos ao ex-presidente Bolsonaro, como o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).

Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), apenas não compareceram e, portanto, enviaram representantes os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que passou por cirurgia; o de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), que está licenciado; além de Gladson Cameli (PP), do Acre, e Mauro Mendes (União), do Mato Grosso.

A reunião também contou com a participação da presidente do STF, ministra Rosa Weber, e outros três ministros da Corte, o presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado em exercício, Veneziano do Rêgo (MDB-PB). O procurador-geral da República, Augusto Aras, também estava presente, assim como representantes da Frente Nacional de Prefeitos.

Plenário do STF destruído

A presidente do STF, Rosa Weber, disse que a Corte foi “duramente atacada” e agradeceu pela união "em torno do Brasil que todos queremos, que é um Brasil de paz, um Brasil fraterno".

"Na verdade, eu estou aqui em nome do STF agradecendo a iniciativa dos governadores e das governadoras de testemunharem a unidade nacional de um Brasil que todos nós queremos no sentido da defesa da nossa democracia e do Estado Democrático de Direito", disse.

A magistrada também relatou a situação da sede do tribunal.

"O nosso prédio histórico no seu interior foi praticamente destruído, em especial o nosso plenário. Esta simbologia a mim entristeceu de uma maneira enorme, mas eu quero assegurar a todos que vamos reconstruí-lo e que no dia 1 de fevereiro daremos início ao ano Judiciário como se impõe: Poder Judiciário independente e o STF como guardião da nossa Constituição".

Helder Barbalho classificou os atos de "terrorismo" e "tentativa de golpe de Estado". "Uma causa que nos une, a democracia. Não estamos aqui para defender ideias ou pensamentos de esquerda, de direita, mas para que acima de tudo possamos defender a democracia do país, para que possamos defender as instituições do país".

Aliado de Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas afirmou que a democracia sairá mais forte e será reconstruída após os ataques dos militantes golpistas bolsonaristas. Por outro lado, afirmou que “a pacificação demanda gestos de todos” os Poderes e entes federados.

"Estou muito feliz de estar participando dessa reunião e enaltecer a capacidade de diálogo. Peço a Deus que nos proporcione sabedoria para que a gente promova a pacificação, lembrando que a pacificação demanda gestos, gestos de todos, do Judiciário, do Legislativo, do Executivo, gestos dos Estados", afirmou o governador de São Paulo.

"A gente tem que aprender a construir gestos para que a gente possa ter desenvolvimento, dignidade, que só serão alcançados por meio do diálogo", completou.

A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), que assumiu após o afastamento de Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que um novo ato como o de domingo (8) não vai se repetir.

Celina também defendeu Ibaneis. Disse que ele é um "democrata" e que havia recebido informações "equivocadas" e por isso as forças de segurança não conseguiram controlar a situação.

Casagrande participa de caminhada

Após a reunião, Lula seguiu com os governadores e os chefes dos demais Poderes, ministros e outras autoridades em direção à sede do Supremo, para que todos pudessem ver de perto a destruição do Plenário da Corte após os ataques dos criminosos no domingo (8).

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), ressaltou o simbolismo dessa caminhada em defesa da democracia.

“Aqui a gente pôde observar de perto como que as pessoas que invadiram vieram preparadas para destruir e literalmente destruíram fisicamente o Supremo, assim como fizeram no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional. O mais importante é que a parte física a gente recupera e a democracia ficou cada vez mais como um conceito e um valor fundamental para a população brasileira”, frisou Casagrande.

Com informações da Agência Folhapress

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais