SÃO PAULO - O ato conjunto de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB) para selar o apoio da senadora à candidatura do ex-presidente aconteceu nesta sexta-feira (7) com acenos dos dois lados sobre o encaminhamento da campanha eleitoral contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula sinalizou que a emedebista pode ser convidada a participar de eventual governo, se for eleito. Simone, por sua vez, defendeu a adoção pelo PT de uma “âncora fiscal mínima” em substituição ao teto de gastos.
Lula disse que não poderia “montar governo antes de ganhar”, mas reiterou que o Brasil “não será governado por um único partido, uma única ideologia, esse país é muito grande, precisamos juntar muitas pessoas para montar um governo”.
“Com muita tranquilidade eu vou trabalhar para ganhar as eleições. A participação da Simone vai nos ajudar muito. Depois que a gente ganhar, vamos sentar numa mesa e vamos começar a discutir como a gente monta a equipe para dar vazão aquilo que são nossas propostas”, afirmou Lula, que, ainda nesta sexta-feira (7), se encontra com ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O encontro dos dois diante da imprensa foi celebrado por aliados de Lula, que consideram este o maior trunfo da campanha no segundo turno. Dois dias antes, os dois almoçaram na casa da ex-prefeita Marta Suplicy e Simone anunciou seu voto no candidato do PT à Presidência.
Simone apresentou propostas a Lula, que no mesmo dia disse que elas seriam incorporadas em seu plano de governo e abriu caminho para o evento público desta sexta-feira (7), em um hotel em São Paulo. A senadora irá participar dos programas de Lula na TV, durante o horário eleitoral, e estará em palanques com o ex-presidente.
Segundo ela, o encontro é “exigido pela história”. “Temos nossas diferenças políticas, econômicas, mas são infinitamente menores do que nos une”, disse, ao lado do petista.
Simone defendeu a existência de “alguma âncora fiscal mínima”. A campanha Lula-Alckmin já indicou que irá revogar o teto de gastos e que adotará nova regra fiscal.
“Entendo a posição do PT que é contra o teto de gastos, mas também é preciso entender que é preciso alguma âncora fiscal mínima até para que o orçamento público — hoje, privado e no bolso de meia dúzia —, possa voltar para o Executivo”, afirmou Simone Tebet, ao lado de Lula. “O orçamento secreto de R$ 19 bilhões neste ano só não virou R$ 30 bilhões porque quando bateu lá no Ministério da Fazenda eles viram que batia no teto de gastos que eles não tinham condições de liberar”, afirmou a senadora, indicando que a âncora fiscal é também um instrumento para limitar o orçamento secreto.
Tebet afirmou que a equipe econômica “tem que entender qual é o melhor caminho” e que “não necessariamente” é um teto de gastos. “Alguma âncora mínima que dê conforto ao mercado, tranquilidade para os investidores para que a gente possa ter uma economia equilibrada . E isso vai fazer com que tenhamos uma forma de blindar da má política de parte do Congresso Nacional”, defendeu a emedebista.
No seu discurso, Lula agradeceu Tebet pelo apoio e disse que as propostas sugeridas por ela são totalmente assimiláveis e serão colocadas em prática. De acordo com o petista, o Brasil que foi desenhado no programa de governo da emedebista, que ficou em terceiro lugar na disputa à Presidência, "é possível de ser construído".
"Espero que você esteja junto para executar cada uma dessas propostas", acenou Lula à Tebet. "Precisamos de você para reconstruir o País", enfatizou, ao dizer que a aliança com a senadora não se trata apenas de apoio a uma candidatura.
De acordo com Lula, a composição de apoio não envolve apenas partido político ou agrupamento ideológico, mas "todos têm que participar desse processo".
Em fala direcionada à Tebet, ele disse que a missão de recompor o Brasil não será fácil visto que o adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), não é um "adversário qualquer" ou um "político normal". "Estamos diante de um homem sem alma, sem coração", afirmou.
Lula disse ainda que não vai responder ao "jogo rasteiro" do chefe do Executivo e não está preocupado em brigar, mas resolver os problemas econômicos do País.
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