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Lula pede para militância pressionar famílias de deputados

Lula pede para militância pressionar famílias de deputados

Bolsonaristas ligados ao Palácio do Planalto falam em usar armas diante da ameaça do ex-presidente petista

Publicado em 6 de abril de 2022 às 09:00

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores) na última segunda-feira (4), que a militância sindical procure deputados e seus familiares na casa deles para pressionar a favor de propostas que interessam ao setor em um eventual governo petista, a partir de 2023.

 10/03/2021  - O Ex-presidente poderá se tornar elegível para as próximas eleições após decisão de juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular suas condenações pela Lava Jato.
O Ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (ETTORE CHIEREGUINI/AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO)

"Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa, não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, surte muito mais efeito do que fazer a manifestação em Brasília", disse.

Em vídeo, o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) aparece carregando uma pistola enquanto explica onde fica sua casa, em Contagem (MG). "Vou esperar vocês lá. Tanto sua turma, como você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha. Vocês serão muito bem-vindos", ameaçou, com a arma na mão.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) prometeu "pregar bala" em militantes que "mexerem" com o filho e avisou, também em vídeo, que na casa dela vigora a legítima defesa.

A reação do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi mais leve. Ele divulgou a fala do ex-presidente nas redes sociais com as hashtags #ptnuncamais e #lulanacadeia e outras em defesa do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula e Bolsonaro polarizam a disputa eleitoral. Segundo o Datafolha, o petista lidera as intenções de voto com 43%, seguido de Bolsonaro, com 26%.

Outro bolsonarista, o deputado Daniel Freitas (PL-AC), prometeu uma ação judicial contra o ex-presidente e disse que Lula quer 'tocar o exército vermelho para cima das nossas famílias".

"É irresponsável e criminosa a incitação de Lula", disse outro apoiador do presidente, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS). "Questiono se nesse caso o ministro Alexandre de Moraes (do Supremo Tribunal Federal) pedirá a prisão do ex-presidiário Lula por essa ameaça ao Parlamento".

O deputado Luiz Lima (PL-RJ) comparou o petista a Evo Morales, ex-presidente da Bolívia. "Se o Bolsonaro falasse o que o Lula falou, seria massacrado", afirmou.

Na última segunda-feira, Lula participou do lançamento da plataforma da CUT para as eleições 2022 e fez uma análise sobre as derrotas das pautas sindicais no Congresso Nacional nos últimos anos. Ao falar sobre a pressão nas cidades em que os parlamentares moram, ele disse que as manifestações em Brasília têm pouco efeito.

"Quando a gente está no plenário, a gente não sabe se está chovendo lá fora, se está caindo canivete aberto, granizo, se estão xingando a gente ou o presidente", afirmou. "Você só sabe dos atos quando chega em casa e liga a televisão."

Para uma plateia de sindicalistas, o petista defendeu uma contrarreforma em questões que interessam aos trabalhadores caso seja eleito e reforçou que será preciso contar com o Congresso Nacional. "Aqui não tem ninguém inocente. Vocês sabem que qualquer coisa que a gente quiser fazer vai ter que passar pelo Congresso", disse.

No discurso, Lula reforçou a importância do movimento sindical para construção de uma narrativa favorável à classe trabalhadora e destacou a necessidade de eleição de uma bancada alinhada ao PT. "Não adianta chorar. Se não tiver número, a gente não faz", afirmou.

O petista esboçou uma crítica ao movimento sindical ao falar sobre o desmonte de direitos trabalhistas sem reação dos sindicatos. Também recomendou que os sindicalistas apresentem propostas que não signifiquem uma volta ao passado e reafirmou ser contra o imposto sindical.

Parlamentares bolsonaristas reagiram ao trecho do discurso em que Lula sugere a pressão aos familiares. Dois deles ameaçaram usar armas caso suas famílias sejam abordadas por militantes petistas.

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