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Lula tem 77% de chance de vitória; e Casagrande, 79%, indica fórmula da FGV

Lula tem 77% de chance de vitória; e Casagrande, 79%, indica fórmula da FGV

Modelo criado por cientistas políticos analisa votos válidos recebidos pelo líder do primeiro turno e diferença em relação ao segundo colocado, entre outros dados

Publicado em 14 de outubro de 2022 às 11:55

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Luiz Inácio Lula da Silva
O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Renato Pizzutto / Band)
  • Uirá Machado

A probabilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser eleito neste ano é de 76,7%, o que deixa a Jair Bolsonaro (PL) uma chance de virada de 23,3%, mostra uma fórmula desenvolvida para prever o desfecho do segundo turno com base nos resultados do primeiro.

Criado pelos cientistas políticos George Avelino, Guilherme A. Russo e Jairo T. P. Pimentel Junior, do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV-SP, o modelo tem taxa de acerto elevada e funciona também para disputas estaduais e municipais.

Considerando o ano de 2018, por exemplo, o cálculo do trio apontou corretamente o favorito em 13 dos 15 pleitos que foram para o segundo turno, incluindo o presidencial — os erros ocorreram em Roraima e Santa Catarina.

O desempenho é semelhante ao das pesquisas de intenção de voto realizadas pelo Ibope na véspera do segundo turno, que também cravaram o favorito em 13 das 15 disputas daquele ano.

A diferença, argumentam os pesquisadores, é que a pesquisa de intenção de voto tem um custo alto e só atinge essa precisão um dia antes de os eleitores irem às urnas, enquanto a fórmula deles é gratuita e pode ser aplicada tão logo se apuram os resultados do primeiro turno. Assim, eles já são capazes de apresentar os favoritos em todas as corridas estaduais ainda em aberto neste ano.

Como regra, os candidatos que terminaram na frente no primeiro turno têm maior chance de ser eleitos, mas a vitória é bem menos certa em alguns estados, como Mato Grosso do Sul e Pernambuco.

No primeiro caso, Capitão Contar (PRTB) tem apenas 51,7% de chance de vencer, contra 48,3% de Eduardo Riedel (PSDB). Os mesmos percentuais se repetem na competição pernambucana, com leve favoritismo de Marília Arraes (Solidariedade) sobre Raquel Lyra (PSDB).

No Espírito Santo, os pesquisadores apontam um cenário parecido com a disputa presidencial. À frente no primeiro turno, Renato Casagrande (PSB) aparece com 79,6% de probabilidade de se reeleger, enquanto a chance de virada no segundo turno de Manato é de 20,4%. 

Em Alagoas, Paulo Dantas (MDB), alvo recente de operação da Polícia Federal, surge com 89,7% de chance de vitória, contra apenas 10,3% de Rodrigo Cunha (União Brasil). É quase a mesma vantagem de Wilson Lima (União Brasil) sobre Eduardo Braga (MDB) no Amazonas: 89,6% contra 10,4%.

Segundo os pesquisadores, na corrida pelo governo de São Paulo a maior probabilidade de vitória (74%) está com Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro, enquanto Fernando Haddad (PT), apoiado por Lula, fica com 26%.

Para chegar a esses percentuais, Avelino, Russo e Pimentel utilizam uma equação que leva em conta só dois aspectos: percentual de votos válidos recebidos pelo líder do primeiro turno e diferença em relação ao segundo colocado.

Enquanto desenvolviam o modelo, eles analisaram 128 disputas presidenciais de segundo turno em 44 países, incluindo o Brasil, e 287 segundos turnos em pleitos estaduais e municipais brasileiros.

Com base nas eleições regionais, examinaram outras variáveis, como tentativa de reeleição, características demográficas, perfil dos candidatos e distribuição dos votos entre os derrotados no primeiro turno. Descobriram que nada disso aprimorava a capacidade de previsão da fórmula.

Em artigo de 2020, argumentam que há bons motivos para a equação funcionar, a despeito de sua simplicidade.

Afirmam, por exemplo, que os resultados do primeiro turno já incorporam as especificidades das campanhas e que é muito raro haver mudança de voto entre o líder e o segundo colocado da disputa.

Segundo o trio, dados de pleitos brasileiros mostram que só 6% dos eleitores em corridas presidenciais e estaduais mudaram de opção entre os dois candidatos que passaram para o segundo turno. Mas, como a migração ocorre nos dois sentidos e com frequência aproximada, seu efeito tendo a ser desprezível.

Além disso, Avelino, Russo e Pimentel lembram que os eleitores em tese disponíveis para o segundo colocado são aqueles que votaram em candidatos derrotados no primeiro turno ou os que se abstiveram.

Entretanto, sustentam que é difícil mobilizar todo esse contingente para participar do segundo turno –e seria necessário que quase todos esses eleitores votassem no segundo colocado, o que é pouco provável dada a diversidade de suas preferências.

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