Luzia, o fóssil humano mais antigo das Américas, pode ter resistido às chamas que destruíram o Museu Nacional no último domingo. Um bombeiro do Quartel Central, que trabalha no rescaldo do incêndio, disse ter encontrado anteontem fragmentos de um crânio no espaço onde a peça estava guardada. A arqueóloga Cláudia Rodrigues, uma das diretoras do museu, preferiu ser prudente e afirmou que serão necessárias análises técnicas intensas para fazer a confirmação.
Para o bioarqueólogo Murilo Quintans Bastos, do Departamento de Antropologia, Luzia deve ter sido perdida no incêndio.
Encontramos remanescentes de nossa coleção de ossadas, mas não vimos uma peça com traços semelhantes aos de Luzia. Provavelmente, ela foi prejudicada lamenta.
Desde o incêndio, funcionários do museu e a comunidade científica estão mobilizados em busca de Luzia, como o crânio de uma mulher que viveu há mais de 11 mil anos foi batizado. Já se sabe que toda a coleção egípcia, um dos símbolos da instituição, virou cinzas, assim como a maior parte dos 20 milhões de itens do acervo. As coleções de vertebrados, invertebrados e insetos foram preservadas.
As peças que foram salvas estão sendo acauteladas em dois locais na Quinta da Boa Vista: no Departamento de Vertebrados Alípio de Miranda Ribeiro, anexo do museu, e em laboratórios de outros departamentos do Horto Botânico.
A paleontóloga Luciana Carvalho, do Departamento de Geologia e Paleontologia, acredita que de 70% a 80% do acervo foram perdidos. Segundo ela, no entanto, há esperança de que boa parte do material de paleontologia tenha sido salvo, pois estava em armários de aço:
Ao entrar no museu, tive a oportunidade de ver que parte dos armários da nossa coleção científica está em pé. Queimados e amassados por fora, mas em pé e fechados. Isso dá esperança de que consigamos resgatar alguma coisa.
Outra boa notícia foi descobrir que uma antiga Torá tinha sido transferida para a biblioteca central do museu, num prédio anexo, que não foi atingido, segundo informou Marina Caruso, em seu blog no GLOBO. O manuscrito, em hebraico bíblico e datado entre 400 e mil anos atrás, é considerado raríssimo pelo Iphan e foi tombado pelo órgão em 1998. É composto de nove rolos em pergaminho e foi adquirido por Dom Pedro II no século XIX.
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